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    Governo não tem atitude séria com a inflação, diz Arturo Porzecanski

    DE SÃO PAULO

    17/03/2015 02h00

    O governo brasileiro não tem uma atitude séria com relação à inflação na opinião do economista da American University Arturo Porzecanski, segundo entrevistado do projeto da Fecomercio-SP que investiga o pensamento brasileiro.

    "A atitude não séria com relação à inflação, isso vem do Planalto. A atitude fechada, com relação a parcerias entre o setor público e o setor privado, ou com relação à política de substituição das importações, vem do Planalto também", afirma.

    Para ele, achar que é "mais importante melhorar a distribuição da renda que gerar renda" não é algo exclusivo do Brasil e vem de cima. "País sério não tem metas até 6% ou 7% e não tem inflação de 6% ou 7%. Um ano pode ser, mas o Brasil viveu ano atrás de ano em que a taxa ficou acima de uma meta nada ambiciosa", afirma.

    Além do controle de inflação, Porzecanski lista a necessidade de um BC (Banco Central) sério. "Não de terceiro mundo, mas do primeiro mundo. E precisamos de uma reforma abrangente das despesas públicas, seja pelo lado das despesas, pelo lado da tributação", afirma ele, ao destacar que o Estado é "ineficiente".

    Porzecanski fala ainda sobre a importância de ficar alerta ao fato de o 'boom' do preço das commodities ter passado. "O país viveu um carnaval graças aos preços das matérias-primas tão elevados. Mas esse carnaval agora acabou."

    Segundo ele, o novo ministro da Fazenda não precisa fazer apenas ajustes iniciais, o caminho é mais longo. "Ele terá uma tarefa difícil, por muitos anos, com seus colegas no gabinete, todos empurrando para um futuro melhor, fazendo as mudanças que têm que ser feitas. Senão, o país vai continuar como está."

    O economista estuda a América Latina há mais de 37 anos. Uruguaio, foi economista-chefe dos bancos J. P. Morgan, ABN-Amro e Ing-Barings por quase três décadas e desde 2005 dirige o Programa de Relações Econômicas Internacionais da American University.

    FECOMERCIO

    Ao todo, o projeto da Fecomercio publicará 13 entrevistas em vídeo, conduzidas pelo jornalista Adalberto Piotto, que debatem o cenário político-econômico no Brasil e as perspectivas futuras, focando na burocracia e gastos públicos. A primeira foi com Otaviano Canuto, conselheiro sênior do Banco Mundial.

    As íntegras das entrevistas ficarão disponíveis no canal da Fecomercio.

    A Folha irá, semanalmente, divulgar trechos das 13 conversas. Confira o cronograma:

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