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    Ataque mata nove em hotéis da Indonésia; homem-bomba fingiu ser hóspede

    da Folha Online

    17/07/2009 07h51

    Um homem-bomba disfarçou-se de hóspede do hotel de luxo JW Marriott, em Jacarta, na Indonésia, para entrar com explosivos no local e realizar um ataque terrorista, informou a polícia nesta sexta-feira. Duas explosões, com apenas 2 minutos de diferença, atingiram o restaurante do JW Marriott e o porão do Ritz-Carlton, ambos no luxuoso bairro Kinigan. Os atentados deixaram ao menos nove mortos e 52 feridos.

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    "O autor do atentado se fez passar por um cliente do JW Marriott", declarou o chefe de polícia de Jacarta, Wahyono, à imprensa, se referindo a um dos dois ataques.

    "Isto deve ter sido feito por um homem-bomba porque uma vítima estava decapitada", disse uma fonte das forças antiterrorismo à agência France Presse, sob condição de anonimato.

    A polícia afirmou ainda que as bombas usadas nos ataques são caseiras. Não há informação se a bomba que atingiu o Ritz-Carlton também foi acionada por um homem-bomba ou à distância.

    O porta-voz da Polícia Nacional da Indonésia, Nanan Soekarna, afirmou que uma terceira bomba --não acionada--, além de material de fabricação de explosivos, foram encontrados no quarto 1808 no Marriott. Não se sabe ainda se o homem-bomba estava hospedado no quarto.

    Achmad Ibrahim/AP
    Policiais fazem guarda na entrada do hotel Ritz-Carlton depois de um duplo atentado atribuído a terroristas
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    "No quarto 1808 do JW Marriott, nós encontramos material explosivo e uma bomba ativa. O hóspede do quarto trouxe um laptop com ele", disse Nanan a repórteres. "ainda não sabemos quem estava no quarto, estamos investigando."

    Um assessor de alto escalão do presidente Susilo Bambang Yudhoyono afirmou mais cedo que o quarto era "um centro de controle" dos ataques.

    Atentados

    Reuters
    Segurança passa por vidraça destruída do hotel de luxo JW Marriott; ataque coordenado deixou nove mortos
    Segurança passa por vidraça destruída do hotel de luxo JW Marriott; ataque coordenado deixou nove mortos

    Aparentemente coordenados, os ataques ocorreram durante a manhã desta sexta-feira no horário local, um momento de movimentação nos hotéis. As explosões atingiram o restaurante do Marriott e o porão do Ritz-Carlton, que ficam no luxuoso bairro Kinigan e estavam cheios de turistas e empresários estrangeiros, a maior parte deles australianos e europeus.

    Um responsável do centro de crise do ministério da Saúde, Rustam Pakaya, revelou que um neozelandês está entre os feridos. Em Seul, as autoridades informaram que um sul-coreano ficou ferido.

    O primeiro atingido foi o Marriot, às 7h50 (21h50 de quinta-feira em Brasília). O hotel ficou com sua fachada parcialmente destruída. Testemunhas afirmam ter ouvido uma forte explosão que destruiu vidros de janelas em um raio de dezenas de metros.

    "Algumas janelas do prédio do Ritz-Carlton foram estilhaçadas, principalmente na parte de baixo. Estou olhando para ele do meu escritório", disse Myra Junor, que trabalha em um prédio vizinho. "Houve uma explosão e o prédio balançou", afirmou o turista Don Hammer, que estava hospedado no Marriott.

    Segundo relatos, a segunda explosão ocorreu minutos depois e destruiu parte da fechada do hotel Ritz Carlton, onde o time de futebol do Manchester United se hospedaria neste sábado antes de um jogo amistoso contra uma equipe local.

    Nos dois hotéis houve cenas de pânico e desespero, com hóspedes e funcionários ensanguentados e sobreviventes gritando por socorro. Os dois locais foram completamente interditados e a polícia ainda procurava por sobreviventes ou mais vítimas na tarde desta sexta (hora local).

    Terceira explosão

    Duas horas depois do primeiro ataque, um carro explodiu perto de um shopping no norte de Jacarta. Duas pessoas morreram e as redes de TV locais chegaram a noticiar que se tratava de mais um atentado ligado aos anteriores.

    Nanan atribuiu a explosão a uma falha mecânica na bateria do veículo. 'A explosão foi produzida por uma avaria na bateria do carro", afirmou.

    Discurso

    Os novos ataques ocorrem menos de um mês após as eleições presidenciais que reelegeram Yudhoyono, 59. Os resultados oficiais só saem a partir do dia 27 de julho, mas as pesquisas de boca-de-urna realizados em dois mil pontos de votação em 33 Províncias dão a Yudhoyono entre 57,9% e 61,1% dos votos.

    Eleito em 2004 para o primeiro mandato, de cinco anos, Yudhoyono prometeu dar continuidade às políticas de seu governo, marcadas pela firmeza contra o terrorismo islâmico e a corrupção, pelas reformas administrativas e pelo crescimento econômico.

    Analistas haviam, no entanto, alertado para o risco de grupos radicais lançarem ações terroristas para vingar a detenção e condenação de vários líderes militantes.

    Yudhoyono afirmou nesta sexta-feira que vai prender os membros do "grupo terrorista" que cometeram os atentados.

    "Esta ação foi cometida por um grupo terrorista, mas é cedo para dizer se é a mesma organização dos últimos anos", disse Yudhoyono, em referência à Jemaa Islamiya, o braço da rede terrorista Al Qaeda no Sudeste Asiático.

    Em discurso transmitido pela televisão, Yudhoyono chamou a ação dos terroristas de "cruel e desumana", em evento que põe fim a um período de quase quatro anos sem atentados. "Os responsáveis por este ataque e os que o planejaram serão detidos", acrescentou o presidente da maior nação muçulmana do mundo.

    Histórico

    Em 7 de agosto de 2003, 12 pessoas morreram em um atentado perpetrado contra a filial do hotel Marriott de Jacarta. O ataque foi atribuído ao grupo Jemaah Islamiya, que luta pela criação de um Estado islâmico independente no sudeste da Ásia.

    Em 9 de setembro de 2004, um carro-bomba matou dez pessoas na embaixada da Austrália.

    Com France Presse e Folha de S. Paulo

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