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    Morte de líder desarticula grupo terrorista islâmico na Indonésia

    JUAN PALOP
    da Efe, em Jacarta

    08/08/2009 09h42

    O terrorista mais procurado do sudeste asiático e mentor da maioria dos violentos atentados cometidos na região, Noordin Mohammed Top, morreu neste sábado (8) após ser baleado durante uma operação das forças de segurança da Indonésia na ilha de Java.

    Ele morreu durante a ação policial que durou cerca de 18 horas e teve como alvo uma casa na qual o terrorista se escondia, em Beji, distrito de Temnaggung, informou a polícia.

    Perto dele estavam outros três supostos terroristas que, segundo os primeiros dados fornecidos por fontes oficiais, não ficaram feridos e foram capturados.

    Os agentes e terroristas travaram uma intensa troca de tiros durante toda a noite, mas o ataque final, precedido de pelo menos cinco fortes explosões dentro da casa, aconteceu no começo da manhã.

    A polícia enviou ao local mais de cem agentes da brigada antiterrorista, franco-atiradores e artífices, que usaram um robô para examinar objetos suspeitos.

    Noordin, de nacionalidade malásia, é considerado o líder de uma facção radical integrada por dezenas de militantes que, em 2006, se cindiu da organização Jemaah Islamiya (JI), considerada o braço da Al Qaeda no Sudeste Asiático.

    Segundo o FBI (polícia federal americana), o terrorista era um "especialista em explosivos", "recrutador", "fabricante de armas" e "treinador de novos islâmicos".

    Além do atentado duplo de julho contra dois hotéis de luxo de Jacarta no qual morreram nove pessoas, a polícia indonésia acusa o terrorista de ter organizado os maiores ataques registrados na Indonésia desde 2002.

    Entre estas ações estão o primeiro atentado contra o hotel JW Marriott, em 2003, no qual 12 pessoas morreram, o ataque com um carro-bomba contra a embaixada australiana de 2004, que matou 11, e o segundo atentado de Bali, em outubro de 2005, que deixou 23 mortos.

    Especialistas no combate ao terrorismo asseguram que Noordin teve participação na série de atentados de Bali de 2002, nos quais 202 pessoas morreram, mas consideram que não foi o principal mentor do considerado segundo maior ataque do mundo após 11 de Setembro.

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    Devido aos atentados de 17 de julho contra dois hotéis de luxo de Jacarta, as forças de segurança intensificaram as investigações para deter Noordin e membros do grupo que ele liderava, principalmente na região central da ilha de Java, berço do radicalismo islâmico da Indonésia.

    A morte de Noordin representa um grande golpe à estrutura militar e financeira do terrorismo islâmico na Indonésia, que agora fica muito enfraquecido e apenas parcialmente operacional, segundo os especialistas.

    Sydney Jones, especialista em terrorismo islâmico na Indonésia, disse recentemente que sem Noordin "o risco de um novo atentado diminuía de forma significativa".

    Paralelamente, a polícia indonésia realizou na noite desta sexta-feira (7) outra operação antiterrorista na localidade de Bekasi, nas proximidades de Jacarta, onde matou a tiros outros dois supostos terroristas islâmicos.

    Em entrevista coletiva, o chefe da Polícia, Bambang Hendarso Danuri, identificou estas duas pessoas como Ari Setyawan, que já tinha cumprido pena, e Eko Peyang, considerado pelas forças de segurança um especialista na fabricação de bombas.

    Neste segundo local, que fica a apenas cinco quilômetros da casa do presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, as forças de segurança apreenderam 500 quilos de explosivos e um carro-bomba preparado para explodir contra "um alvo específico", explicou Hendarso.

    A polícia também revelou neste sábado a identidade dos dois supostos suicidas do atentado duplo de Jacarta, dois jovens, de 16 e 28 anos, provenientes da ilha de Java e sem antecedentes criminais.

    Estes ataques colocaram fim a cerca de quatro anos sem ações terroristas na Indonésia, um país afetado algumas vezes desde 2000 pelo terrorismo islâmico, que já deixou mais de 250 mortos.

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