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    Governo brasileiro repassará R$ 25 milhões para reconstrução de Gaza

    SIMONE IGLESIAS
    DE BRASÍLIA

    20/07/2010 20h11

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a visita do comissário de Relações Exteriores do partido palestino Fatah, Nabil Shaat, ao Brasil para sancionar projeto que libera R$ 25 milhões para reconstrução de Gaza. O projeto, de iniciativa do governo, foi aprovado pelo Congresso.

    Brasil já é um dos maiores doadores internacionais, diz "Economist"

    Marri Nogueira/Folhapress
    Em Brasília, Lula recebe a visita de Nabil Shaat, ministro das Relações Exteriores palestino
    Em Brasília, Lula recebe a visita de Nabil Shaat, ministro das Relações Exteriores palestino

    Na visita ao presidente, Shaat entregou uma carta enviada pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pedindo que o Brasil não deixe de participar das negociações pela paz no Oriente Médio.

    "Ele [Shaat] veio com uma carta de Abbas, pedindo apoio para a Palestina num momento especialmente crítico das negociações. Persistem preocupações quanto aos assentamentos e quanto à aceitação das fronteiras de 1967. Eles [palestinos] têm muito interesse em que o Brasil permaneça envolvido nessas discussões sobre a paz no Oriente Médio", disse o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores),que participou da reunião no gabinete de Lula.

    Amorim irá na semana que vem a Israel e à Palestina.

    Os recursos do Brasil serão depositados em um fundo gerenciado pela ONU (Organização das Nações Unidas).

    Em meados de março, Lula esteve em Israel, territórios palestinos ocupados e Jordânia, na primeira visita de um líder brasileiro a esses locais. A viagem ocorreu após as visitas ao Brasil dos presidentes Shimon Peres, de Israel, Mahmoud Abbas, da ANP (Autoridade Nacional Palestina), e do Rei Abdullah 2º, da Jordânia.

    Na época, o presidente afirmou que o Brasil não quer "se meter na discussão" sobre a paz na Oriente Médio, mas sim foi convidado pelos países envolvidos na polêmica, que notaram "a boa relação que o Brasil mantém com todos os países e com todas as facções políticas" da região.

    GUERRA E BLOQUEIO

    A comunidade internacional voltou sua atenção para a situação dos moradores de Gaza e os efeitos do bloqueio israelense ao território após o ataque do Exército de Israel contra a "Frota da Liberdade", que levava ajuda humanitária à faixa de Gaza, deixando nove ativistas mortos e dezenas de feridos em 31 de maio.

    Adel Hana/AP - 19.jun.10
    Palestino procura por mercadorias em supermercado da faixa de Gaza; bloqueio já dura três anos
    Palestino procura por mercadorias em supermercado da faixa de Gaza; bloqueio já dura três anos

    Israel estreitou um bloqueio em Gaza em 2007, quando o movimento radical Hamas tomou o controle após a derrota do rival Fatah, do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas --favorável a um acordo de paz com Israel.

    Em resposta, em 27 de dezembro de 2008 Israel lançou uma grande ofensiva contra o Hamas em Gaza, com objetivo declarado de retaliar o lançamento de foguetes contra o território israelense.

    Segundo o Centro Palestino de Direitos Humanos, a operação deixou 1.434 palestinos mortos --incluindo 960 civis, 239 policiais e 235 militantes. Já as Forças de Defesa israelenses admitiram ter matado 1.370 pessoas, incluindo 309 civis inocentes, entre eles 189 crianças e jovens com menos de 15 anos.

    O conflito devastou a já precária infraestrutura da região. Desde então, Israel bloqueou importações de combustíveis, cimento e outras mercadorias à população de 1,5 milhão de palestinos, dizendo que o Hamas poderia utilizar muitos itens para propósitos militares.

    Cerca de 80% da população de Gaza depende da ajuda internacional para viver.

    BRASIL DOADOR

    Na semana passada, a revista britânica "The Economist" publicou reportagem afirmando que o Brasil já se tornou um dos maiores doadores internacionais para áreas de risco ou financiamento de projetos.

    Reprodução

    A reportagem indica que o orçamento oficial da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) é de R$ 52 milhões, mas um levantamento feito pelo Instituto de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido e o Centro de Pesquisa em Desenvolvimento Internacional do Canadá mostra que no total uma série de agências do governo brasileiro gastam ao menos 15 vezes mais do que isso em seus próprios programas de assistência.

    A revista britânica apontou que Brasília contribui com cerca de R$ 35 a R$ 44 milhões por ano com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mas de acordo com o chefe do programa da ONU no país o valor real seria de R$ 177 milhões.

    Outras iniciativas brasileiras incluem: R$ 531 milhões ao Programa Mundial de Alimentos da ONU, R$ 619 milhões à reconstrução do Haiti; pequenas ações em Gaza, e cerca de R$ 5,8 bilhões em empréstimos comerciais que empresas brasileiras privadas concederam a países pobres desde 2008 por meio do BNDES.

    Somando-se todas as frentes, o montante de ajuda internacional que o Brasil fornece a outros países chega a cerca de R$ 7 bilhões por ano -- menos do que a China, mas similar ao que tradicionais "generosos" doadores como o Canadá e a Suécia concedem a outras nações. E ao contrário dos ocidentais, o montante brasileiro triplicou desde 2008.

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