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    Após cem anos, Titanic ainda 'navega' em livros e nas telas

    DA FRANCE PRESSE, EM LONDRES

    13/04/2012 17h51

    A propaganda da época o descrevia como "inafundável, cem anos depois de seu naufrágio, o Titanic 'volta à superfície' com a versão 3D do filme de James Cameron de 1997, além de um drama para a televisão britânica, vendido em 86 países, e uma série de livros.

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    "Poucas catástrofes receberam tanta atenção em nossa época. Primeiro foi Pompéia, em seguida o Titanic", observa Julian Fellowes, autor de "Titanic", a minissérie em quatro episódios para a emissora de televisão ITV.

    "Este navio tinha todas as características de uma sociedade muito segura de si mesma quanto aos desastres", declarou ao "Daily Telegraph", alusão ao início, dois anos depois, da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

    Merie Weismiller Wallace/Efe
    Cena do filme "Titanic" (1997), de James Cameron, que ganhou versão 3D
    Cena do filme "Titanic" (1997), de James Cameron, que ganhou versão 3D

    Fellowes tem tudo de um "titanic-maníaco": sua ficção mais famosa e premiada, "Downton Abbey", exibida em mais de 150 países, começa com o naufrágio do Titanic.

    Ele não é o único. Basta observar a enxurrada de obras publicadas para o centenário do navio no Reino Unido, que foi ponto de partida do Titanic em sua viagem inaugural, em 10 de abril.

    "Isso vende muito bem, especialmente neste ano. O fascínio continua inabalável", assegura um vendedor da conhecida livraria Hatchard, em Londres.

    Merie Weismiller Wallace/Efe
    Leonardo DiCaprio e Kate Winslet em cena do filme "Titanic" (1997)
    Leonardo DiCaprio e Kate Winslet em cena do filme "Titanic" (1997)

    Para os amantes do navio dos sonhos, o pequeno "Guia do Passageiro", de John Blake, um ex-oficial da Marinha (Editora Conway), fornece o manual perfeito do navio, desde o salão de jantar até os banhos turcos, passando pelo "café francês" e pela sala de ginástica, equipada com um cavalo e um camelo (!) elétricos.

    Aprendemos que "cavalheiros" e "senhoras" tinham acesso à piscina em horários diferentes, e que o preço do bilhete de primeira classe seria o equivalente a 64 mil libras atualmente (76.500 euros).

    Tudo foi pensado, até a quadra de squash. Como todos sabem, apenas os botes salva-vidas eram inadequados.

    FALTA DE BOTES

    Originalmente, o Titanic, como o seu navio-irmão Olympic, foi projetado para conter 64 botes.

    Mas o chefe da companhia White Star, Bruce Ismay, tomou a decisão fatal de equipar o navio apenas com 16 botes e mais quatro canoas dobráveis, a fim de manter o máximo de espaço para as pontes de luxo.

    Ao fazer isso, ele burlou os regulamentos, lembra o livro de Frances Wilson, dedicado à história vergonhosa de Bruce Ismay ("Como sobreviver ao Titanic", Bloomsbury). O chefe todo-poderoso da companhia de navegação, que embarcou furtivamente no bote 14, tornou-se o bode expiatório para a imprensa da época. "Ele terá sempre a marca de Caim em sua testa", escreveu o Frankfurter Zeitung.

    No fim das contas, os 20 botes e canoas do Titanic poderiam salvar 1.100 passageiros, a metade do número de pessoas embarcadas. Mas foram preenchidos com apenas metade da capacidade e salvaram apenas 705, entre eles 325 homens.

    DIFERENÇA SOCIAL

    James Cameron relata o abismo entre as classes sociais e o sacrifício daqueles que viajavam na terceira classe no filme "Titanic", já o historiador Richard Davenport-Hines descreve uma realidade mais sutil ("Titanic Lives", Harper Press).

    Bilionários morreram: Benjamin Guggenheim, por exemplo, recusou-se a entrar em um bote para dar espaço para as mulheres e vestiu-se para a noite como alguém resignado a morrer como homem digno.

    Os fotógrafos amadores também têm fornecido material importante para a reconstituição do drama, como ilustrações do belo livro "Titanic em Fotografias" (The History Press).
    Frank Browne, um jovem passageiro destinado ao sacerdócio, chegou a registrar várias imagens, da copa à cozinha até a ponte, onde uma foto mostra um menino brincando com seu peão.

    Suas fotografias viraram o registro do antes da catástrofe, e por um mero acaso, já que seu autor desembarcou em Queenstown (Irlanda) três dias antes do naufrágio.

    Editoria de Arte/Folhapress
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