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    Papa nomeia alemão como novo presidente do Banco do Vaticano

    GRACILIANO ROCHA
    ENVIADO ESPECIAL AO VATICANO

    15/02/2013 10h04 - Atualizado às 13h05

    Quatro dias depois de o papa Bento 16 anunciar sua renúncia, a Santa Sé nomeou o advogado alemão Ernst von Freyburg para presidir o IOR (Instituto de Obras Religiosas), como é conhecido o Banco do Vaticano.

    O banco tem sido a origem de boa parte das tensões da Cúria Romana nos últimos meses, desde a demissão do italiano Ettore Gotti Tedeschi, ligado à Opus Dei e um dos homens de confiança do papa.

    A decisão pode ser a última grande alteração na estrutura do Vaticano ainda sob o pontificado de Bento 16. A nomeação foi feita por uma comissão de cardeais e aprovada pelo papa, segundo informou o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi.

    Lombardi disse que não vê razões para esperar a definição do próximo papa para trocar o comando do banco porque o IOR o presidente do papa é um cargo técnico e não tem relação com a ação apostólica da Igreja.

    "Por que atrasar o processo já concluído e foi bem feito? Não há desrespeito com o novo papa por nomear apenas um técnico", disse Lombardi. "Não tem relação com o governo universal da Igreja, como a Congregação para a Doutrina da fé ou a educação religiosa", afirmou.

    Ernst von Freyburg é presidente do estaleiro alemão Blohm+Voss Group. Além do critério de experiência como executivo, pesou na escolha a "capacidade de se inserir no ambiente eclesiástico", segundo a Santa Sé.

    Bento 16 e von Freyburg não se conhecem pessoalmente. O novo banqueiro é membro da Ordem de Malta, uma organização católica criada há 900 anos, e participa de uma ONG que leva doentes alemães ao santuário de Lourdes.

    O novo presidente foi escolhido em um processo seletivo do qual participaram 40 candidatos avaliados por técnicos do Vaticano e uma firma de recrutamento.

    Uma comissão de cardeais --da qual fazem parte o secretário de Estado, Tarcisio Bertone, e o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer-- escolheu von Freyburg entre os seis finalistas, conforme o porta-voz do Vaticano. O papa deu o aval.

    Ettore Tedeschi, amigo do papa, foi demitido do cargo sob suspeitas de má gestão em 2012. Documentos secretos vazados no escândalo do VatiLeaks apontam o cardeal Bertone como o responsável por uma campanha para desmoralizá-lo.

    NAVIOS DE GUERRA

    O novo presidente não terá dedicação integral ao banco do Vaticano e só ficará em Roma três dias por semana, segundo a Santa Sé. Ele deve permanecer no seu cargo no estaleiro.

    Lombardi negou que haja conflito de interesses no acúmulo de funções, mas disse que ainda não está claro como ele vai organizar o tempo.

    A entrevista coletiva ficou tensa ontem quando um repórter disse que o estaleiro Blohm+Voss, presidido pelo novo "banqueiro de Deus", também fabricava navios de guerra.

    "Eu não sei se fabrica navios de guerra, mas isso não é nenhuma contraindicação, ele ajuda a levar peregrinos a Roma e tem uma grande sensibilidade humana e cristã", respondeu o porta-voz.

    Instantes depois, ele recebeu um comunicado que o estaleiro não produz embarcações militares.

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