O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu nesta quinta-feira a construção de um Estado palestino para solucionar o conflito com Israel e criticou o Estado judaico por estabelecer colônias que, segundo ele, "não são construtivas" para o processo de paz.
Obama disse que conversou com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, sobre o tema e afirmou que a criação de novas colônias não contribui para o processo de paz. O presidente ainda criticou o grupo radical Hamas por isolar a faixa de Gaza e rejeitar as negociações com Israel.
Sobre a formação do Estado palestino, ele disse que está comprometido com a construção de um país "viável, independente e contínuo" e que não perdeu a esperança de formar os dois Estados, que chamou de solução viável.
"Os palestinos merecem ter um Estado próprio. Não devemos ignorar os esforços pela paz. Se voltamos às negociações diretas, os dois lados podem voltar à paz juntos", disse, anunciando que a questão palestina será foco do secretário de Estado americano, John Kerry.
Antes de Obama, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse que Israel deve rever sua política de colônias na Cisjordânia. "A paz com Israel não pode ser obtida através de violência, ocupação, acampamentos, prisões ou negações dos direitos dos refugiados políticos".
A questão é um dos principais problemas entre palestinos e israelenses. Em novembro, Netanyahu aprovou a criação de 300 novas colônias na Cisjordânia, incluindo a polêmica E1, que impediria os palestinos de terem um território único.
A medida foi encarada como uma represália à aprovação na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) da Palestina como Estado observador não membro, feita uma semana antes do anúncio. Nos últimos anos, cerca de 560 mil israelenses vivem na Cisjordânia.
PROTESTOS
O americano ainda elogiou a maior eficiência da Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia que, segundo ele, diminuiu a corrupção e os problemas políticos internos. Para Obama, isso facilitou que estrangeiros decidam investir no território palestino, o que melhora a economia da região.
Obama chegou a Ramallah de helicóptero e desceu em uma área próxima à esplanada da Muqataa, a sede da ANP, com forte esquema de segurança que incluiu o isolamento da região. Porém, cerca de 150 palestinos protestaram contra a presença do americano, considerado "persona non grata".
A cerimônia foi transmitida ao vivo pela televisão oficial da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa na Cisjordânia. No entanto, a visita não foi transmitida na faixa de Gaza, que é governada pelo grupo radical Hamas, opositor às negociações com os Estados Unidos.
Em comunicado, o primeiro-ministro de Gaza, Ismail Haniyeh, disse que não espera "nenhum resultado desta visita". "Não esperamos que Obama vá mudar a equação política no terreno. Não acreditamos que a política americana vá pôr fim à ocupação israelense".
Horas antes da visita à Cisjordânia, dois foguetes vindos de Gaza caíram na cidade de Siderot, no sul de Israel, sem deixar feridos. A região não será visitada por Obama desta vez, mas o americano esteve na cidade em 2008, durante a campanha eleitoral para seu primeiro mandato.