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    Negra, ministra italiana recebe insultos racistas da extrema-direita

    DA REUTERS, EM ROMA

    03/05/2013 15h07

    A nova ministra da Integração da Itália, Cecile Kyenge, recebeu uma série de insultos de militantes de direita por ser mulher e negra. Em resposta, disse não acreditar que a Itália seja um país racista e que tem orgulho de ser negra.

    Desde que foi nomeada, no sábado, ela tem sido alvo de provocações em sites de extrema-direita, que têm a rotulado com nomes como "macaco congolês", "Zulu" e "a negra anti-italiana".

    Ela também enfrentou insultos com toques de racismo de Mario Borghezio, membro da Liga do Norte no Parlamento Europeu, que foi aliado do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

    Em referência a Kyenge, Borghezio chamou a coalizão de Letta um "governo bonga bonga" --uma brincadeira com o termo "bunga, bunga", atribuído a Berlusconi-- e disse que ela parecia ser "uma boa dona de casa, mas não uma ministra".

    Kyenge rejeitou os comentários, que a presidente da câmara dos deputados, Laura Boldrini, qualificou como "vulgaridades racistas".

    A ministra planeja pressionar por uma legislação, a qual a Liga é contrária, que permitiria às crianças nascidas na Itália de pais imigrantes obterem a cidadania automática, em vez de terem que esperar até os 18 anos para reivindicá-la.

    "Cheguei sozinha à Itália aos 18 anos e eu não acredito em desistir diante de obstáculos", disse Kyenge, que deixou o Congo para que pudesse prosseguir os seus estudos em medicina.

    Ela também rejeitou o termo "de cor", usado para descrevê-la em muitos matérias na imprensa italiana, dizendo: "Eu não sou colorida, eu sou negra e digo isso com orgulho."

    Kyenge, que é casada com um italiano, disse não ver a Itália como um país particularmente racista e acreditava que as atitudes hostis derivavam principalmente da ignorância.

    Boldrini disse a um jornal nesta sexta-feira que recebe ameaças de morte online diariamente e um fluxo de mensagens contendo imagens sexualmente ofensivas.

    "Quando uma mulher ocupa um cargo público, a agressão sexista dispara contra ela, sejam simples fofocas simples ou violentas... sempre usam o mesmo vocabulário de humilhação e submissão", disse Boldrini ao jornal "La Repubblica".

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