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    Síria diz que Israel provocará guerra regional se continuar atacando

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    05/05/2013 12h21

    O governo da Síria afirmou neste domingo que Israel levará o Oriente Médio a uma guerra se continuar com ataques contra alvos no território sírio. Para o regime do ditador Bashar Assad, a ação desta madrugada contra um centro militar viola leis internacionais.

    As declarações são feitas horas após caças israelenses bombardearem o complexo militar de Jamraya, a 60 km da capital Damasco. Segundo fontes do governo israelense, a intenção era destruir um carregamento de mísseis iranianos que seriam enviados ao grupo radical libanês Hizbollah.

    Vídeos mostram explosões em Damasco atribuídas a ataque de Israel
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    A ação causou a condenação do Irã, aliado de Assad, mas também do Egito e da Liga Árabe que, apesar de darem apoio aos rebeldes sírios, são contrários à atuação militar israelense na região e defendem a criação de um Estado palestino.

    Mais cedo, o regime sírio disse, em comunicado divulgado pela agência de notícias Sana, que o bombardeio era uma declaração de guerra de Israel. A mesma frase foi dita pelo vice-chanceler, Faisal al Mekdad, em entrevista à CNN.

    Em comunicado feito durante um intervalo em uma reunião de emergência do alto escalão do regime, o ministro da Informação da Síria, Omram al Zoubi, disse que os ataques fazem com que o Oriente Médio se torne "mais perigoso" e são "uma flagrante violação às leis internacionais".

    O ministro sírio defendeu que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) avalie a questão e afirmou que o regime enviou duas cartas, uma destinada ao conselho e outra ao secretário-geral, Ban Ki-moon.

    No documento, Zoubi afirmou que os ataques israelenses dos últimos dias são um apoio direto às ações dos terroristas, como o regime de Assad chama os rebeldes que há dois anos combatem contra o governo, em especial a Frente al Nusra, que diz ter relações com a rede terrorista Al Qaeda.

    "Esta agressão, da qual Israel não se responsabilizou, abre portas a todas as possibilidades e confirma a ligação entre Israel e grupos de ideologia radical islâmica. Eles não podem jogar com o destino da Síria. Nós temos direito de proteger com todos os meios nosso país e nosso povo de toda a agressão estrangeira".

    Ele também acusou os Estados Unidos de darem cobertura para a ação israelense e voltou a dizer que os rebeldes são financiados por países árabes, como a Arábia Saudita, a Turquia e o Qatar. "Estamos todos em um estado de ira. Não é um ataque novo, pois é praticado todos os dias por terroristas".

    Embora a retórica do regime sírio seja de guerra com Israel, é improvável que Assad provoque um conflito, em especial pelo uso de todo o efetivo do Exército sírio para combater os grupos rebeldes.

    CONDENAÇÃO

    A ação israelense na Síria causou a condenação do Egito e da Liga Árabe. Ambos são contrários ao regime de Bashar Assad, mas também mantêm oposição a Israel pela atuação militar na região, em especial contra os palestinos, e pela resistência à criação do Estado palestino.

    Em comunicado, o gabinete do presidente egípcio, Mohamed Mursi, disse que os ataques são uma violação dos princípios do direito internacional e devem complicar ainda mais a situação síria, além de ameaçar a segurança e a estabilidade da região.

    Com o mesmo temor, a Liga Árabe pediu a atuação imediata do Conselho de Segurança para impedir que o conflito tome maiores proporções. A condenação acontece mesmo após a retirada do regime de Bashar Assad da representação do grupo de países. Na última reunião, a cadeira síria foi ocupada pela oposição.

    Mais cedo, o porta-voz da Chancelaria do Irã, Ramin Mehmanparast, condenou o bombardeio e disse que "é um esforço de Israel para criar instabilidade e insegurança na região", mas não comentou sobre o dado a respeito da origem dos mísseis.

    O grupo radical libanês Hizbollah também não fez comentários sobre o bombardeio, assim como a ONU e os países ocidentais. Na tarde de sábado (4), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que não comentaria os ataques, mas defendeu o direito de Israel de combater contra o Hizbollah.

    Caso confirmado, o bombardeio será a segunda ação de Israel na Síria em menos de três dias, um sinal da entrada do Estado judaico nos confrontos entre o regime de Bashar Assad e grupos rebeldes. Embora não veja vantagem no conflito sírio, a ação militar pode minar o poder do Hizbollah e de Teerã, aliados de Assad.

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