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    Delator de espionagem dos EUA não embarca em voo para Cuba

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    24/06/2013 08h18

    O técnico de informática Edward Snowden, que revelou o esquema de monitoramento de telefones e dados de internet feito pelos Estados Unidos, não embarcou nesta segunda-feira em um voo de Moscou para Havana. Mais cedo, a agência russa Interfax havia informado que ele sairia de território russo.

    Ele é responsável pela divulgação de dados sobre os programas da Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) para monitorar dados telefônicos de milhões de cidadãos americanos e informações dos sistemas de empresas de internet sobre usuários em todo o mundo.

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    Segundo testemunhas e jornalistas que estão no voo da Aeroflot de Moscou a Havana, o delator não foi visto na cabine da aeronave. Uma foto da agência Associated Press mostra o assento que deveria ser do delator vazio.

    No entanto, a agência de notícias Interfax disse que ele abandonou a Rússia em outro voo, que foi para um destino ignorado, segundo fontes locais.

    O delator chegou a Moscou na noite de domingo (23), vindo de Hong Kong, onde estava desde 20 de maio. Ele saiu do território chinês um dia depois de os Estados Unidos pedirem sua extradição para que seja processado por três acusações de espionagem e roubo da propriedade federal, que podem lhe render até 30 anos de prisão.

    Ele foi liberado para viajar após Hong Kong rejeitar o pedido americano por considerar que Washington "não cumpriu plenamente com os requisitos legais sob a lei de Hong Kong", e não podia impedir a saída de Snowden. Segundo a imprensa russa, Snowden permanece como passageiro em trânsito no aeroporto Sheremetyevo, em Moscou.

    O WikiLeaks, que ajudou o delator a sair de Hong Kong, disse que Snowden deverá sair de Moscou em direção a Havana, em Cuba, de onde continuará a solicitação de asilo político para o Equador. O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, disse que estuda o assunto com "responsabilidade" e que deverá dar uma resposta em breve.

    Para evitar que isso aconteça, fontes do governo americano informaram que Washington entrou em contato com as autoridades de países latino-americanos, pedindo que ele seja extraditado. Os EUA e o Equador têm um tratado de extradição de 1872 e que foi complementado em 1939.

    Ewen MacAskill/Reuters
    Técnico de segurança Edward Snowden, 29, em entrevista ao "Guardian"; ele revelou esquemas de monitoramento de dados dos EUA
    Técnico de segurança Edward Snowden, 29, em entrevista ao "Guardian"; ele revelou esquemas de monitoramento de dados dos EUA

    RÚSSIA

    Embora a imprensa russa e o WikiLeaks tenham informado sobre a presença de Snowden em Moscou, o Kremlin mantém o silêncio. O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, se recusou a comentar os pedidos do governo americano à Rússia para a extradição do informante.

    O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou não saber quais são os planos de viagem do técnico de informática. Ele disse ainda que ficaria "profundamente preocupado" se souber que Pequim e Moscou tinham informações sobre as movimentações do delator.

    Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.

    A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.

    Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.

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