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    Putin ameaça armar aliados da Rússia se EUA atacarem a Síria

    CLÓVIS ROSSI
    ENVIADO ESPECIAL A SÃO PETERSBURGO

    04/09/2013 12h50

    O presidente russo Vladimir Putin ameaçou nesta quarta-feira, veladamente, armar aliados de seu país no futuro, se o Ocidente de fato atacar a Síria.

    A mensagem do mandatário, emitida em entrevista ao Canal 1 da TV russa e para a Associated Press, se dá na véspera da abertura da 8ª Cúpula do G20, o grupo das 20 maiores economias do planeta mais cinco convidados especiais.

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    Embora o G20 seja um clube eminentemente econômico, a Síria acabou se tornando uma espécie de convidado indesejado, na medida em que há um choque de posições entre o anfitrião, Putin, e o líder da mais importante economia do grupo, Barack Obama.

    Putin rejeitou, de novo, as evidências até agora apresentadas pelos Estados Unidos e seus aliados sobre o ataque com armas químicas que a ditadura de Bashar al-Assad teria perpetrado contra redutos rebeldes no último dia 21.

    Não passam, diz o presidente russo, de "rumores e conversas". Não bastam, prosseguiu, para que uma resposta seja aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, no qual a Rússia tem poder de veto.

    Para que o CS possa atuar, seria necessária "uma prova profunda e específica, contendo evidências que provem além de qualquer dúvida quem o fez e que meios foram utilizados",

    Putin voltou a lembrar o caso do Iraque, em que os EUA invadiram o país a partir da informação, que se provou falsa, de que o ditador Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa. "Esqueceram-se disso?", perguntou o presidente retoricamente.

    A ameaça velada apareceu na frase seguinte: se as potências ocidentais de fato atacarem a Síria, "nós [na Rússia] deverímos pensar como agir no futuro, em particular no que diz respeito ao fornecimento de armas sensíveis para certas região do mundo".

    É uma clara alusão ao fato de que a Rússia ainda não completou a entrega à Síria de modernos sistemas de mísseis terra-ar, modelo S-300, que obviamente tornariam ainda mais complicada uma operação aerea do Ocidente contra alvos em território sírio.

    SAIBA MAIS

    A expectativa em São Petersburgo, sede da cúpula, é a de que o tema Síria seja discutido, até sobrepondo-se às questões econômicas que são o foco central do G20, desde o seu nascimento em 1999, primeiro como reunião de ministros de Economia e, a partir de 2008, envolvendo os chefes de governo.

    Uma clara indicação de que o tema, que não está na agenda oficial, acabará surgindo é a predisposição de Angela Merkel, a chanceler alemã, de buscar, na cúpula, "uma resposta unida da comunidade internacional" ao ataque com armas químicas. Merkel não antecipou qual resposta, mas descartou a participação alemã em um eventual ofensiva.

    A presidente brasileira Dilma Rousseff não fez até agora nenhuma declaração formal a respeito, mas é conhecida a posição brasileira de que o ataque só se tornaria possível se aprovado pelo Conselho de Segurança, o que o veto russo torna impossível.

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