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    Parlamento rejeita moção de censura ao primeiro-ministro da Ucrânia

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    03/12/2013 10h30

    O Parlamento da Ucrânia rejeitou nesta terça-feira a moção de censura da oposição ao primeiro-ministro Mykola Azarov. A negativa é uma derrota para os rivais do presidente Viktor Yanukovich e os manifestantes que cercam os prédios estatais em Kiev.

    A votação foi acompanhada pelas milhares de pessoas que estavam em frente ao Parlamento, protegido por forças policiais. A moção de censura era uma resposta aos protestos que começaram na semana passada após Yanukovich rejeitar um acordo para a adesão da Ucrânia à União Europeia.

    A medida foi tomada pelo mandatário após pressão da Rússia, que é o principal fornecedor de gás do país e com quem os ucranianos tem uma dívida de cerca de US$ 60 bilhões (R$ 140 bilhões). Após o anúncio, a oposição convocou protestos no sábado (30), que foram violentamente reprimidos.

    Em resposta, os manifestantes juntaram mais de 350 mil pessoas na capital Kiev no domingo (1º) e ocuparam os prédios da prefeitura e bloquearam as sedes do governo e o Parlamento. Outras regiões da cidade ainda foram fechadas com barricadas para impedir a entrada da polícia.

    A moção de censura, proposta pelos quatro principais partidos de oposição, só conseguiu o apoio de 186 dos 450 deputados, quarenta a menos que o necessário para retirar o voto de confiança do primeiro-ministro. Pouco antes da votação, o chefe de governo foi convocado pelo Legislativo para se defender.

    Em discurso, Azarov pediu aos parlamentares que não repetissem o que aconteceu na Revolução Laranja, em 2004, quando o atual presidente foi retirado do cargo de primeiro-ministro. "Estendemos nossas mãos a vocês para que afastem os provocadores de intriga, os que buscam o poder e tentam repetir o cenário de 2004".

    Azarov ainda pediu desculpas aos manifestantes pela repressão policial ocorrida no sábado (30) durante um protesto, que terminou com dezenas de feridos. E acusou a ex-chefe de governo opositora Yulia Tymoshenko, que cumpre pena por uso indevido de poder, de ter provocado a dependência de Moscou.

    "Quem vendeu o país foi quem assinou em 2009 os contratos de gás com a Rússia. Foram esses contratos insuportáveis para a economia do país que colocaram o país de joelhos".

    OPOSIÇÃO

    Nesta terça-feira, os principais líderes opositores aumentaram a pressão sobre o governo, sendo saudados pelos gritos dos manifestantes. O líder do partido UDAR, o campeão mundial de boxe Vitali Klitschko, pediu apoio à moção de censura e disse que o governo "roubou nossa esperança".

    Já o comandante do partido nacionalista Svoboda, Oleg Tiagnibok, afirmou que a população ucraniana deve expulsar a atual administração, chamada por ele de "quadrilha de bandidos". As declarações dos dois foram interrompidas por gritos de "revolução" vindos dos manifestantes e de outros deputados opositores.

    Sergey Dolzhenko/Efe
    Policiais fazem cordão de isolamento contra manifestantes que protestam contra o governo da Ucrânia por rejeitar acordo com a UE
    Policiais fazem cordão de isolamento contra manifestantes que protestam contra o governo da Ucrânia por rejeitar acordo com a UE

    Enquanto acontece a sessão do Parlamento, o presidente Viktor Yanukovich segue para a China, em viagem marcada antes dos protestos. Na segunda (2), ele disse ter entrado em contato com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, para retomar as negociações com o bloco.

    Também ontem o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que o governo ucraniano é vítima de uma ação de "grupos militantes muito bem preparados e treinados". "Isso não é uma revolução, mas um protesto que, na minha opinião, não estava preparado para hoje, mas... para a campanha eleitoral de 2015".

    Segundo analistas, o mandatário russo usou a dívida da Ucrânia para pressionar Yanukovich a não aderir à União Europeia, a fim de incluir os ucranianos no projeto de integração da União Euroasiática, que já inclui Armênia, Belarus e Cazaquistão e é vista pelos críticos como uma nova versão da União Soviética.

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