• Mundo

    Friday, 03-May-2024 16:30:34 -03

    Sharon receberá honras fúnebres em cerimônia no Parlamento de Israel

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    11/01/2014 22h37

    O ex-primeiro-ministro Ariel Sharon, que morreu neste sábado em Tel Aviv aos 85 anos, receberá honras fúnebres no Parlamento de Israel.

    O corpo será enterrado na segunda-feira, em sua propriedade no deserto de Neguev, ao sul do país. Antes disso, será homenageado em cerimônia oficial, conforme decisão da Comissão Ministerial de Protocolos e Cerimônias.

    Neste domingo, o corpo do ex-premiê chegará ao Knesset, o Parlamento israelense, em Jerusalém. O público poderá dar o último adeus ao líder das 12h às 18h (horário local, 14h às 22h de Brasília). Segundo comunicado oficial, o caixão de Sharon estará coberto pela bandeira de Israel.

    Na segunda-feira pela manhã, haverá uma cerimônia oficial no Knesset, que deverá contar com a presença de diversos representantes internacionais e personalidades políticas. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, o ex-premiê britânico Tony Blair e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, são presenças confirmadas.

    À tarde, conforme desejo do ex-primeiro-ministro Sharon, o corpo será enterrado ao lado do túmulo de sua mulher, Lili, que morreu em 2000. O enterro deve ter caráter privado, com pequeno número de convidados.

    Sharon passou quase oito anos internado em coma em um hospital de Jerusalém. Em 2006, ele entrou em estado vegetativo devido a um derrame, após décadas de controversa carreira política e militar. Ele deixa como legado a fama de belicista e, na contramão, a histórica retirada da faixa de Gaza que liderou durante seu mandato.

    Apelidado "Arik", Sharon nasceu em 1928 no vilarejo de Kfar Malal. Aos 14 anos, juntou-se às fileiras da Haganah, a versão embrionária das Forças de Defesa de Israel. O início de sua biografia é um apanhado de sucessivas promoções no Exército, incluindo ter comandado uma companhia de infantaria na guerra de independência de 1948 e ter fundado, em 1953, uma unidade de elite responsável por retaliar ataques árabes.

    Sharon estudou na Universidade de Tel Aviv, onde graduou-se em direito, em 1962. No Exército, ele comandou, nos anos 1960, tanto as regiões norte quanto sul, tendo também ocupado o posto de líder da divisão de treinamento militar. Suas vitórias nas guerras de 1967 e 1973, como elogiado estrategista, lhe renderam os títulos hiperbólicos de "rei de Israel" e "Leão de Deus".

    A carreira de Sharon tomou a senda política na década seguinte, em uma breve passagem pelo Parlamento, em 1973, seguida de sua renúncia. Em 1975, ele assessorou o primeiro-ministro Yitzhak Rabin no campo de segurança e, dois anos depois, foi eleito parlamentar, após o que se juntou ao partido de direita Herut ""que mais tarde se tornaria o Likud.

    No governo, Sharon foi ministro da Agricultura e, em 1981, assumiu a pasta da Defesa durante o período crítico da Guerra do Líbano. Foi nesse país inimigo que os papéis de sua carreira se mancharam, diante da opinião pública, após Sharon ser considerado por uma comissão de inquérito como "pessoalmente responsável" pelo massacre de refugiados palestinos em Sabra e Shatila, em Beirute.

    Retirado da Defesa, Sharon foi realocado, em 1984, como ministro da Indústria. Em 1990, liderou o Ministério da Construção e da Habitação. Ele também teve a si, nessa mesma década, as pastas de Infraestrutura Nacional e de Relações Exteriores.

    Na década seguinte, em uma provocativa visita à Esplanada do Templo de Jerusalém, local sagrado disputado por judeus e muçulmanos, Sharon desencadeou uma onda de revoltas que culminaram na Segunda Intifada, levante palestino com graves consequências políticas e centenas de mortos em ambos os lados.

    Meses depois, responsável por reformular o partido de direita Likud, Sharon foi eleito em 2001 para o cargo de primeiro-ministro com a maior margem de vitória na história de Israel. Ele foi reeleito em 2003, após ter convocado eleições antecipadas.

    Na liderança do país, em seu último grande feito como político e militar, Sharon manobrou governo e Parlamento a aprovar a retirada dos assentamentos israelenses na faixa de Gaza, em um gesto de grande dano entre o eleitorado colono.

    Seu ato concessivo, de certa maneira incoerente com as décadas em que promoveu a expansão de assentamentos nos territórios ocupados, levou ao fortalecimento da facção terrorista Hamas, que tomou o controle da faixa de Gaza.

    Mas Sharon não testemunhou os desdobramentos de seu último gesto de liderança, assim como não viu as insurgências da Primavera Árabe ou a sombria crise histórica que encobriu a Síria. Ele também não teve a oportunidade de completar os planos de uma suposta retirada de quase a totalidade dos territórios da Cisjordânia, no que seria sido seu grande feito como estadista.

    Em 4 de janeiro de 2006, o premiê Sharon sofreu um derrame com hemorragia cerebral, pelo qual esteve por anos em coma. Em 2013, médicos haviam detectado atividade cerebral, em uma última fagulha de sua resistência.

    "As duas grandes tragédias na política moderna mesoriental que fazem você se perguntar se Deus quer paz no Oriente Médio ou não são o assassinato do [primeiro-ministro Yitzhak] Rabin e o derrame de Sharon", afirmou Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, em 2011, em elogio.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024