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    Guerra civil faz consumo de anfetaminas disparar na Síria

    STEPHEN KALIN
    DA REUTERS, EM BEIRUTE

    13/01/2014 02h30

    Num cenário em que a guerra civil estimulou a demanda por drogas sintéticas e a ruptura da ordem criou oportunidade para os produtores, a Síria se tornou um grande exportador e consumidor de anfetaminas.

    Especialistas e ativistas locais dizem que a produção síria do mais popular dos estimulantes, o Captagon, cresceu em 2013, superando a de outros países da região, como o Líbano.

    Um oficial de controle de drogas em Homs, na Síria, disse que observou os efeitos do Captagon sobre manifestantes e combatentes detidos para interrogatório. "Nós batíamos neles e eles não sentiam dor. Muitos riam enquanto lhes dávamos golpes pesados", disse.

    Ele acredita que o governo exagera ao dizer que a droga prevalece entre adversários. Para ele, tanto membros da 'shabiha', grupo paramilitar a serviço de Bashar al-Assad, quanto rebeldes do Exército Sírio Livre são usuários.

    Médicos dizem que civis também estão experimentando os comprimidos, vendidos por US$ 5 a US$ 20. Um psiquiatra entrevistado pela agência de notícias atribui o aumento do consumo às pressões econômicas e psicológicas decorrentes da revolução.

    Entrevistas com comerciantes sugerem que este mercado gere centenas de milhões de dólares em receitas anuais, fornecendo financiamento para armas, embora a Reuters não tenha conseguido verificar independentemente as alegações.

    A droga, produzida pela primeira vez no Ocidente na década de 1960 para tratar doenças como a depressão, foi proibida em 1980 na maioria dos países por ter propriedades viciantes.

    Segundo o Unodc (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime), o consumo do Captagon fora do Oriente Médio é insignificante.

    O colapso da infraestrutura, o enfraquecimento das fronteiras e a proliferação de grupos armados durante quase três anos de batalha pelo controle da Síria transformou o país em um importante local de produção.
    Além disso, a localização geográfica do país o transformou em ponto de trânsito para as drogas vindas da Europa, da Turquia e do Líbano e destinadas à Jordânia, ao Iraque e ao Golfo.

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