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    Kalashnikov mostrou arrependimento por mortes causadas por fuzil

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    13/01/2014 09h30

    O russo Mikhail Kalashnikov, que criou o fuzil AK-47, enviou uma carta ao chefe da Igreja Ortodoxa da Rússia manifestando seu temor por ser o responsável por criar uma arma que matou milhões de pessoas em todo o mundo, informou nesta segunda-feira o jornal "Izvestia".

    Kalashnikov morreu em 23 de dezembro aos 94 anos. Durante sua vida, ele nunca havia manifestado seu arrependimento em relação à invenção. Em diversas ocasiões, ele disse que havia inventado a arma para defender seu país e não tinha culpa se os políticos e guerrilheiros a usaram para atrocidades.

    Na carta publicada pelo "Izvestia", no entanto, ele afirmou ao patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Kirill, que sentia uma dor espiritual insuportável.

    Sergei Karpukhin/Reuters
    Mikhail Kalashnikov, o projetista do AK-47, a arma de fogo mais mortífera do mundo
    Mikhail Kalashnikov, o projetista do AK-47, a arma de fogo mais mortífera do mundo

    "Me faço sempre a mesma pergunta que não posso responder: 'Se meu rifle terminou com a vida de tantas pessoas, pode ser que eu seja culpado pelas mortes, ainda que fossem inimigos?'".

    O documento foi enviado em maio de 2012 em papel timbrado da organização chefiada pelo criador da arma e assinada por ele, que se descreveu como "um servo de Deus, o designer Mikhail Kalashnikov".

    O secretário de imprensa do Patriarca, Alexander Volkov, declarou ao "Izvestia" que o chefe da Igreja ortodoxa russa recebeu esta carta e escreveu uma resposta pessoal.

    "A Igreja tem uma posição muito clara: quando as armas servem para proteger a pátria, a Igreja apoia tanto seus criadores quanto os soldados que as utilizam", disse Volkov. "Ele desenhou este fuzil para defender seu país, não para que os terroristas pudessem utilizá-lo na Arábia Saudita", acrescentou.

    FUZIL

    Estima-se que a arma, que desenhou em 1947, quando era oficial do Exército Vermelho e se recuperava de ferimentos sofridos durante a Segunda Guerra (1939-1945), vendeu 100 milhões de exemplares.

    O fuzil logo se tornou o rifle de assalto padrão da infantaria soviética e, nos anos seguintes, passou a ser adotado por exércitos de mais de 80 países, por guerrilheiros radicais e até por terroristas como Osama bin Laden.

    Ele nunca cobrou regalias ou recebeu direitos relativos à criação do fuzil AK-47. Curiosamente, a sua maior fonte de renda provinha da venda de uma vodca que também leva seu o nome.

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