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    NSA implantou programas de vigilância em 100 mil PCs, diz jornal

    RAUL JUSTE LORES
    DE WASHINGTON

    15/01/2014 04h36

    A Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA, na sigla em inglês) instalou programas de vigilância em cerca de 100 mil computadores no mundo, segundo publicou o jornal "The New York Times" a partir de documentos vazados pelo ex-técnico da agência Edward Snowden.

    Mesmo computadores fora da internet foram atingidos usando radiofrequência, a partir de cartão USB instalado fisicamente por uma pessoa no computador vigiado.

    O jornal diz que aparentemente o sistema não foi usado domesticamente, mas em objetivos internacionais. Entre os alvos mais frequentes da espionagem por esse sistema estão as Forças Armadas da China e da Rússia, a polícia e os cartéis do narcotráfico do México, organismos que lidam com negociações comerciais na União Europeia e países onde há presença de células terroristas, como Índia e Paquistão.

    A versão modernizada da radiofrequência chamada de Quantum, utilizada desde 2008, usa um canal secreto de ondas de rádio que pode ser transmitido por cartões USB instalados secretamente nos computadores. A informação é obtida por estações que podem estar a milhares de quilômetros do objetivo.

    A porta-voz da NSA, Vanee Vines, disse ao jornal que a NSA "não usa serviços de inteligência para roubar segredos comerciais em benefício de empresas americanas".

    MUDANÇAS LIMITADAS

    A revelação ocorre às vésperas do esperado anúncio das mudanças no sistema de espionagem pelo presidente americano, Barack Obama, previsto para amanhã no Departamento de Justiça.

    Também segundo o "New York Times", Obama deverá aumentar os limites ao acesso dos dados de ligações telefônicas, estabelecer proteções à privacidade de não americanos e criar um cargo de defensor público para representar as preocupações sobre quebra de privacidade no atual tribunal secreto de inteligência.

    Mas o presidente deve manter os dados de ligações telefônicas nas mãos do governo (e não exclusivamente com as companhias telefônicas, como proposto por uma comissão independente) e não deve exigir que todas as consultas e pesquisas sobre essas ligações dependam de autorização judicial.

    As fontes do "NYT" na Casa Branca não revelaram mais detalhes sobre o que deve mudar na espionagem no resto do mundo, especialmente em relação aos governos e chefes de Estado estrangeiros que se queixaram da vigilância, como o Brasil.

    O discurso no Departamento de Justiça será a primeira resposta detalhada desde as denúncias de Snowden, feitas em junho passado.

    Obama deve remeter parte das propostas de reforma da NSA ao Congresso, para dividir a responsabilidade.

    Dois grupos estão insatisfeitos com as mudanças: as organizações de direitos humanos e parte do eleitorado do próprio presidente, que esperavam que ele reduzisse a escala da espionagem, ampliada na gestão George W. Bush; e as agências de inteligência e espionagem, para as quais Obama não tem defendido seu trabalho, que sofre mais escrutínio desde os atentados do 11 de Setembro.

    Para estes últimos, as mudanças podem dificultar e fazer demorarem os procedimentos para investigações sobre potenciais terroristas.

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