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    'Closer' destoa de jornalismo francês ao publicar traição

    RODRIGO VIZEU
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

    18/01/2014 03h05

    A revelação de um caso extraconjugal do presidente da República forçou a imprensa francesa a repercutir uma publicação que destoa da tradição do jornalismo do país, normalmente avesso à vida pessoal de políticos. A autora da façanha, a revista "Closer", não deixou de mencionar o constrangimento em sua edição de sexta-feira (17), lembrando que, enquanto o affair de Hollande era notícia pelo mundo, a mídia francesa preferia aguardar posição do Palácio do Eliseu.

    A revista chegou ao país em 2005, copiando a "Closer" britânica. No ano seguinte, foi vendida à filial francesa do grupo Mondadori, um dos principais da Itália e controlado pela família do ex-premier Silvio Berlusconi. A sede do grupo, perto de Milão, foi projetada por Oscar Niemeyer e lembra o Palácio do Itamaraty, em Brasília.

    O tratamento de políticos como celebridades não é novo entre os britânicos, mas foi pioneiro na França e tem histórico de polêmicas, inclusive com Hollande.

    Foi a revista que publicou fotos de biquíni de Ségolène Royal, então mulher do atual presidente. Também divulgou as primeiras fotos de Hollande e Valérie Trierweiler juntos. Nicolas Sarkozy e Carla Bruni também foram alvos.

    As fotos da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, fazendo topless levaram até a versão britânica homônima a buscar se distanciar da irmã francesa.

    Em um país com legislação dura na defesa da privacidade, a "Closer" francesa já recebeu diversas condenações, entre elas pelas fotos de Kate.

    Líder do segmento de celebridades, a revista tem circulação de 348 mil exemplares semanais, mas vendeu o dobro disso na edição que revelou o caso. É o suficiente para pagar mais de oito vezes a indenização de € 54 mil pedida por Julie Gayet.

    Na edição de sexta-feira (17), a "Closer" diz que seus jornalistas estão "muito orgulhosos" em dividir o furo de reportagem com os leitores e conta os bastidores da apuração. Editoral assinado pela diretora de redação, Laurence Pieau, ironiza que os veículos "muito sérios" denunciem o tratamento de políticos como famosos, mas que hoje recorram ao mesmo expediente. A Folha procurou-a na sexta-feira, mas sua assistente disse que ela não estava disponível para entrevista.

    Na sexta, os principais jornais franceses, com exceção do "Figaro", mais crítico a Hollande, deram pouco espaço aos novos detalhes do affair. O site do "Le Monde" comentou que o assunto tenha sido explorado também por revistas não especializadas em celebridades: "Para um setor de revistas largamente em crise, é difícil passar ao lago de tamanha oportunidade de aumento de vendas".

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