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    Editor de livro sobre líder chinês é preso

    MARCELO NINIO
    DE PEQUIM

    22/01/2014 03h03

    Um editor de Hong Kong que estava prestes a publicar o livro de um dissidente sobre o líder chinês, Xi Jinping, está detido na China há quase três meses, de acordo com o jornal "South China Morning Post".

    Segundo o diário, Yao Wentian, 73, foi cercado por cerca de dez policiais à paisana e detido no dia 27 de outubro, após ser atraído à cidade chinesa de Shenzhen sob falso pretexto.

    A prisão de Yao ocorre em meio ao aumento da repressão do governo à liberdade de expressão e aos críticos do sistema, conforme o relatório anual de direitos humanos no mundo da organização "Human Rights Watch", publicado na terça-feira (21).

    Antes da detenção, Yao vinha trabalhando na publicação do livro "O poderoso chefão, Xi Jinping", do escritor Yu Jie, que vive nos Estados Unidos. O livro anterior de Yu foi "O melhor ator da China: Wen Jiabao", uma ácida crítica ao ex-premiê.

    Vários livros censurados na China continental tornaram-se bestsellers em Hong Kong, um território semiautônomo da China, que foi colônia britânica até 1997 e onde há mais liberdade.

    "A liberdade de expressão se deteriorou em 2013", afirma o relatório do HWR. "O governo e o partido mantêm múltiplas camadas de controle sobre todas as mídias".

    JULGAMENTO

    Em outro caso polêmico, será realizado nesta quarta-feira, após semanas de expectativa, o julgamento do advogado Xu Zhiyong, proeminente defensor de direitos civis no país.

    Xu era um dos líderes do movimento Novos Cidadãos, que fez campanha contra a corrupção, pedindo mais transparência do governo.

    Ele e outros 50 defensores de direitos civis foram presos no ano passado, na mais severa onda de repressão contra esses ativistas nos últimos anos. Outros cinco líderes do movimento serão julgados nos próximos dias.

    O advogado de Xu disse à Folha que ele é acusado de "perturbar a ordem". Zhang Yingfang disse não ver chance de o julgamento desta quarta, em Pequim, ser justo.

    A expectativa dos advogados é que os réus sejam condenados, podendo pegar até cinco anos de prisão.

    O réu e sua equipe legal pretendem ficar em silêncio na corte, em protesto contra um julgamento que consideram ser de cartas marcadas.

    "Essa corte não foi convocada para descobrir a verdade, mas sim para percorrer as instâncias do indiciamento dele. Não vamos cooperar com isso", disse Zhang ao "Wall Street Journal".

    Em seu relatório, o HRW afirma que os ativistas de direitos humanos na China sofrem frequentemente com detenções, torturas, reclusões em instituições psiquiátricas, prisões domiciliares e intimidações.

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