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    Confronto entre opositores e polícia deixa quatro mortos na Ucrânia

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    22/01/2014 06h25

    Pelo menos quatro manifestantes morreram baleados nesta quarta-feira no centro de Kiev, na Ucrânia, que enfrentou uma madrugada de intensos confrontos entre a polícia e opositores radicais ao presidente Viktor Yanukovich.

    Um jovem também teria morrido ao cair de uma coluna junto ao estádio do Dínamo de Kiev. Esta quarta foi o dia mais violento na escalada de violência que assola a capital ucraniana desde o último domingo (19).

    Esses são os primeiros mortos desde o início das manifestações em novembro contra a decisão do governo de Yanukovich de abandonar um acordo de livre comércio com a União Europeia (UE) em prol de uma cooperação maior com a Rússia.

    As manifestações na praça da Independência ganharam força após a aprovação de uma lei na semana passada que restringe os protestos com multas e prisão por instalação de barracas em espaços públicos, bloqueio de prédios estatais, organização de carreatas e uso de máscaras.

    OPOSIÇÃO

    A ex-premiê ucraniana, Yulia Tymoshenko , disse em comunicado que Yanukovich "não é mais presidente da Ucrânia, mas sim um assassino", após dar a ordem de disparar sobre manifestantes. Tymoshenko está na cadeia acusada de corrupção em um caso envolvendo fornecimento de gás pela Rússia.

    Em comunicado conjunto, os três partidos da oposição – os de centro-direita Batkivshina e Udar e o de direita Svoboda– responsabilizaram Yanukovich e o ministro do Interior, Vitali Zajárchenko, "cujas mãos estão manchadas com o sangue de cidadãos pacíficos", pelas mortes e pedem sua renúncia.

    REUNIÃO

    Após divulgar comunicado se dizendo "contra o derramamento de sangue, o uso de força e a incitação à inimizade e violência", Yanukovich, que até agora se manteve firme em não ceder aos manifestantes, se reuniu com líderes da oposição, o boxeador Vitali Klitschko (Udar), o ex-ministro da Economia Arseniy Yatsenyuk (Batkivshina), e Oleh Tyahnibok (Svoboda), em uma tentativa de acalmar a violência nas ruas.

    O encontro foi visto como uma vitória da oposição que tentam um acordo que inclua também a saída do premiê, Mykola Azarov, que chamou os manifestantes de "terroristas" e culpou os líderes da oposição por incitar a violência e desestabilizar o país.

    Após o encontro com o presidente, Klitschko pediu unidade às mais de 50 mil pessoas concentradas na praça da Independência e disse que "se Yanukovich não fizer concessões amanhã (hoje), passaremos à ofensiva".

    PRIMEIRO-MINISTRO

    O confronto provocou uma reação furiosa do primeiro-ministro Mykola Azarov, que chamou os manifestantes de "terroristas" e os acusou de impedir a passagem de algumas pessoas pela região dos conflito e agredi-las. "Estou oficialmente declarando que eles são criminosos que devem receber uma resposta por sua ação".

    Ele ainda acusou os líderes da oposição de incitarem a violência ao convocarem protestos e informou que 50 manifestantes haviam sido presos pela polícia. Para Azarov, eles devem tirar seus manifestantes das ruas se não concordarem com a violência colocada pelos radicais.

    Os combates geraram forte reação de Estados Unidos e União Europeia. A embaixada americana na Ucrânia retirou o visto de dezenas de ucranianos envolvidos na repressão aos protestos de novembro e dezembro.

    A chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, condenou as violências e o presidente da UE, José Manuel Durão Barroso, disse que o bloco poderia tomar medidas contra a Ucrânia.

    A Rússia disse que o apoio europeu aos manifestantes é indecente e seu embaixador em Bruxelas, Vladimir Chizhov, pediu à UE que não fossem aplicadas sanções a Kiev.

    LEI

    Os opositores querem a revogação de uma lei aprovada na semana passada que restringe os protestos. As medidas proíbem os protestos no centro de Kiev, a instalação de barracas em espaços públicos, o bloqueio de prédios estatais, a organização de carreatas e o uso de máscaras nas manifestações.

    Todas as medidas foram usadas pelos manifestantes nos últimos dois meses. Os opositores ocuparam vários ministérios, fizeram uma ocupação na praça da Independência e bloquearam os acessos ao centro da capital com carros. Agora, essas medidas podem ser punidas com multa ou até cinco anos de prisão.

    Outro ponto controverso é o registro das ONGs ucranianas que recebem financiamentos de países ocidentais como "agentes do exterior". Categoria criada na União Soviética, é similar à regra aplicada na Rússia, que é duramente criticada por organizações de direitos humanos.

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