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    Na cúpula da Celac, Raúl Castro ataca investimento estrangeiro

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    ENVIADA ESPECIAL A HAVANA

    28/01/2014 14h37

    Enquanto se esforça para atrair investimentos estrangeiros para a zona econômica especial do porto de Mariel, o ditador de Cuba, Raúl Castro, atacou o "crescimento desmedido" dos lucros das empresas multinacionais.

    "São inegáveis os benefícios do investimento estrangeiro direto para as economias da região e das injeções de capital das multinacionais que operam nela, porém esquecemos que o crescimento desmedido dos lucros que obtêm, de 5,5 vezes nos últimos 9 anos, afeta seu impacto positivo sobre o balanço de pagamentos", disse.

    O líder cubano, que abriu a cúpula da Celac depois de apresentação de Guantanamera e Aquarela do Brasil por uma banda, disse também que os países devem exercer "plenamente a soberania sobre os recursos naturais e delinear políticas adequadas nas relações com o investimento estrangeiro e com as empresas multinacionais".

    Ele também se solidarizou com o colega equatoriano Rafael Correa, "ameaçado por processos de empresas transnacionais em tribunais influenciados pela cobiça e uma política neocolonial." O governo equatoriano está em uma longa batalha judicial com a petrolífera americana Chevron.

    Ontem, Dilma anunciou um investimento adicional de US$ 290 milhões (R$ 701 milhões) na zona econômica especial do porto de Mariel. A zona é a grande aposta do governo cubano para atrair investimentos e "atualizar" o modelo socialista da ilha.

    O Brasil já fornecera um crédito de US$ 802 milhões (R$ 1,92 bilhão) para a construção do porto de US$ 957 milhões, inaugurado nesta segunda por Dilma.

    Raúl afirmou que a rede de espionagem da NSA, a agência de segurança nacional dos Estados Unidos, é uma "flagrante violação do direito internacional e da soberania dos Estados".

    Em discurso de abertura da Celac, comunidade dos Estados Latino-Americanos, Raúl apoiou a iniciativa do governo brasileiro de realizar a Reunião sobre Governança em Internet em abril, em São Paulo.

    Ele classificou a Celac como a "legítima representante dos interesses da América Latina e o Caribe". A Celac foi criada em 2010 como um contraponto à Organização dos Estados Americanos (OEA) , organização que teria influência excessiva dos EUA, segundo seus críticos.

    Cuba está na presidência pro tempore da Celac, cujo tema principal nesta cúpula é a redução da desigualdade na América Latina.

    No início de seu discurso, o líder cubano pediu um minuto de silêncio em homenagem ao "inesquecível" ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, "um fervente e incansável promotor e lutador pela independência e integração latino-americana".

    Como costuma acontecer em todas as cúpulas latino-americanas, Raúl disse ser solidário à Argentina em relação às ilhas Malvinas. E concluiu atacando o embargo americano.

    "Agradeço a todos pelas mostras de solidariedade ante o bloqueio imposto ao meu país durante mais de meio século e a injusta inclusão de Cuba na lista de patrocinadores do terrorismo do Departamento de Estado dos Estados Unidos."

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