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    Israel condena judeu ultraortodoxo por oferecer espionagem ao Irã

    SAMY ADGHIRNI
    DE TEERÃ

    28/01/2014 16h15

    Um tribunal de Israel condenou nesta terça-feira a quatro anos e meio de prisão um cidadão judeu ultraortodoxo acusado de ter oferecido serviços de espionagem ao Irã.

    O caso expõe as conivências ocasionais entre grupelhos judeus extremistas e o governo iraniano, que compartilham a mesma rejeição do Estado Judaico.

    Segundo a Polícia, Yitzhak Bergel, 47, admitiu ter procurado iranianos com a proposta de espionar Israel em troca de dinheiro.

    O contato foi feito em 2011, quando Bergel bateu à porta da Embaixada do Irã em Berlim, onde foi inicialmente recebido com ceticismo, de acordo com os investigadores.

    Segundo o Shin Bet, o serviço de inteligência interno de Israel, Bergel afirmou aos iranianos que tinha "ódio ao Estado de Israel" e se disse disposto a "matar sionistas" –referência à ideologia que defende a existência do Estado judaico em sua forma atual.

    Bergel foi preso em Jerusalém há seis meses, após ser rastreado pelo Shin Bet. Ele foi processado por intenção de traição e contato com agente externo.

    Não está claro se sua cooperação com o Irã prosperou.

    Bergel é membro da seita Neturei Karta, que considera o estabelecimento de Israel uma heresia aos olhos da Torá. Integrantes desta seita, confinada a alguns milhares de adeptos, defendem a ideia de que o país dos judeus só terá legitimidade após a volta do Messias.

    Rabinos da Neturei Karta visitaram o Irã diversas vezes, o que, segundo críticos, faz o jogo da propaganda iraniana, que diz rejeitar Israel mas respeitar o judaísmo, embora vários dirigentes iranianos, como o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, tenham questionado o Holocausto e defendido o fim do Estado judaico.

    O Irã abriga a segunda maior comunidade judaica no Oriente Médio, depois de Israel, com 20 mil membros.

    Judeus iranianos têm liberdade para praticar sua fé e manter escolas judaicas, mas, em conversa reservada, muitos se queixam de discriminação. Eles não têm acesso a empregos públicos e enfrentam dificuldade para se destacar no mundo acadêmico.

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