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    Ex-presidente diz que Ucrânia "está perto de uma guerra civil"

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    29/01/2014 09h15

    O primeiro presidente da Ucrânia depois da queda da União Soviética defendeu nesta quarta-feira um acordo para dar fim à crise política e disse que o país está "à beira de uma guerra civil". Leonid Kravchuk discursou na abertura da sessão do Parlamento que discutirá anistia a opositores presos nos protestos.

    A medida é uma das exigências dos opositores, que conseguiram duas vitórias na terça (28) –a renúncia do primeiro-ministro Mykola Azarov e a derrubada de nove dos 12 artigos da lei contra os protestos que irritou os manifestantes e provocou a radicalização do movimento contra o presidente Viktor Yanukovich.

    Sergei Supinsky/AFP
    Ex-presidente Leonid Kravichuk diz que Ucrânia está "à beira de guerra civil" e defende solução política
    Ex-presidente Leonid Kravichuk diz que Ucrânia está "à beira de guerra civil" e defende solução política

    Apesar do progresso nas negociações, os opositores mantêm as barricadas no centro de Kiev, montadas para se protegerem da repressão das forças de segurança. Os manifestantes ocupam há dois meses a região, após Yanukovich rejeitar em novembro o acordo de adesão da Ucrânia à União Europeia.

    Comandante do país entre 1991 e 1994, Kravchuk considera que os protestos construíram um poder paralelo que forçou a renúncia do gabinete e ocuparam os prédios de dois ministérios e das administrações locais no interior ucraniano.

    "É uma revolução, uma situação dramática em que devemos atuar com a maior responsabilidade. Precisamos reduzir a confrontação entre as partes e negociar um plano para solucionar o conflito. Precisamos trabalhar passo a passo para evitar um confronto".

    Para ele, a oposição e a base aliada do governo devem fazer um plano de paz que represente os ucranianos e ofereceu a colaboração dele e do ex-presidente Leonid Kutchma (1994-2005) para garantir o cumprimento do acordo.

    A anistia começará a ser debatida por volta das 14h locais (10h em Brasília). Das duas propostas colocadas para escrutínio dos deputados, uma delas condiciona a libertação dos presos à desocupação dos prédios do governo e da praça da Independência, centro dos protestos na capital ucraniana.

    Nesta quarta, opositores pertencentes ao partido nacionalista Svoboda retiraram manifestantes radicais do grupo Causa Justa do Ministério de Política Agrária. O grupo que deixou o prédio rejeita as negociações das lideranças da oposição com o governo.

    RESGATE

    Mais cedo, o primeiro-ministro interino Serhiy Arbuzov disse que a Ucrânia receberá "muito em breve" uma parcela de US$ 2 bilhões (R$ 4,7 bilhões) dos US$ 15 bilhões (R$ 35 bilhões) do resgate oferecido pela Rússia em dezembro. Pouco após a assinatura do acordo, Kiev recebeu US$ 3 bilhões (R$ 7,1 bilhões) de Moscou.

    O acordo ainda permitiu a redução do preço do gás, um dos motivos da dívida ucraniana com os russos. O débito com Moscou foi apontado como um dos motivos para a pressão para que Kiev não tramitasse a adesão à União Europeia.

    Na terça (28), o presidente Vladimir Putin afirmou que a Ucrânia será capaz de resolver sozinha a crise política e criticou os países europeus, que condenaram a repressão aos protestos e ameaçaram o governo local com sanções.

    "Eu só posso imaginar como nossos parceiros europeus responderiam se no ápice das crises em países como Grécia ou Chipre nosso primeiro ministro aparecesse em um desses protestos contra a União Europeia e começasse a apoiá-los".

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