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    Presidente afegão faz negociações secretas com Taleban

    ISABEL FLECK
    DE NOVA YORK

    04/02/2014 10h33

    O presidente afegão, Hamid Karzai, estaria negociando de forma secreta com o Taleban um acordo de paz sem a interferência americana. A informação foi dada por "fontes ocidentais e afegãs" ao "New York Times".

    O movimento explicaria a resistência de Karzai em assinar um acordo com os EUA sobre a permanência de parte das tropas no país após a retirada prevista para este ano. Além disso, o presidente afegão vem insistindo na libertação de militantes talebans detidos e tem, constantemente, apresentado possíveis evidências de crimes cometidos pelas tropas americanas.

    Diante da recusa de Karzai em fechar o acordo com os EUA, o presidente Barack Obama convocou uma reunião com comandantes -inclusive o general Joseph Dunford, responsável pelas forças internacionais no Afeganistão-para discutir o futuro das tropas no país nesta terça-feira.

    Segundo o "New York Times", a iniciativa da negociação secreta teria sido do Taleban, que procurou Karzai em novembro. Apesar de o diálogo ter avançado muito pouco, segundo fontes envolvidas, as conversas teriam contribuído para minar ainda mais a já frágil relação de confiança entre os EUA e Karzai.

    Os contatos com o Taleban foram confirmados pelo porta-voz do presidente afegão, Aimal Faizi.

    "Os últimos dois meses foram muito positivos. (...) As partes foram incentivadas pela postura do presidente sobre o acordo bilateral de segurança e seus discursos posteriores", disse Faizi, que classificou esta negociação como a "mais séria" com o Taleban desde que a guerra começou.

    Altos funcionários do governo afegão teriam se encontrado com líderes do Taleban nas últimas semanas em Dubai, nos Emirados Árabes, e em Riad, na Arábia Saudita. Contudo, fontes do próprio governo estariam questionando a influência desses interlocutores e sua ligação com mulá Mohammad Omar, líder principal do movimento.

    PAQUISTÃO

    Em Islamabad, os esforços de paz entre o governo paquistanês e o Taleban anunciados na última semana sofreram um golpe antes mesmo do início das conversas.

    As negociações foram adiadas após o governo insistir em ter mais informações sobre os negociadores apontados pelo TTP (Tehrik-i-Taleban Pakistan, o Taleban paquistanês). Os representantes da insurgência se disseram "decepcionados" com a nova exigência.

    "Queremos que as negociações sejam significativas. Podemos começar assim que tivermos essas informações", disse Irfan Siddiqui, principal negociador do governo paquistanês.

    O chefe das negociações pelo lado Taleban, Sami ul-Haq, deixou Islamabad com sua equipe sem se encontrar com o governo. "

    "Foi decidido ontem que iríamos sentar hoje e elaborar uma estratégia, por consentimento mútuo, sobre como e por onde começar. É decepcionante. Eles [o governo] não deram um único passo [para avançar nas negociações]", disse.

    Segundo o representante taleban, a exigência do governo mostra "quão a sério" as autoridades estão levando o diálogo com os insurgentes.

    "Eles estão fazendo piada das negociações e com o país", afirmou.

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