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    ONU pede ao Vaticano que denuncie pedófilos à justiça; Santa Sé reage

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    05/02/2014 09h28 - Atualizado às 14h42

    Relatório do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança pede que o Vaticano afaste de seus cargos todos aqueles que abusaram sexualmente de crianças e os denuncie à justiça. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, rebateu dizendo que a Igreja afronta os casos de pedofilia com transparência.

    O comitê pede à Santa Sé para "afastar de imediato de suas funções todos os autores conhecidos e suspeitos de abusos sexuais de crianças, assim como denunciá-los às autoridades competentes para que os investiguem e sejam processados".

    O relatório foi divulgado após uma audiência realizada no mês passado em Genebra, em que os membros da comissão, composta por 18 especialistas em direitos humanos de todo o mundo, questionou o Vaticano sobre sua política contra a pedofilia.

    No relatório, a comissão afirma que a Igreja Católica não fez o suficiente para cumprir o seu compromisso de erradicar a pedofilia.

    "O comitê da ONU sublinha a sua profunda preocupação com o abuso sexual de crianças por membros de igrejas católicas que operam sob a autoridade da Santa Sé, e lembrou que os crimes cometidos por religiosos afetam dezenas de milhares de crianças ao redor do mundo" disse o relatório.

    'EXTENSÃO DOS CRIMES'

    "A Comissão está muito preocupada que o Vaticano não reconhece a extensão dos crimes cometidos, não tomou as medidas apropriadas para lidar com casos de pedofilia nem tomou medidas para proteger as crianças ou adotou políticas e práticas que levaram à continuação da abuso e impunidade dos agressores", acrescentou o relatório.

    O relatório critica especialmente a política de trocar padres pedófilos de paróquia, uma prática considerada como tentativa de encobrir os crimes e evitar que sejam julgados pelas autoridades civis.

    De acordo com o relatório, "a prática tem permitido a muitos sacerdotes que permaneçam em contato com as crianças e continuem a abusar delas".

    VATICANO

    O Vaticano reagiu denunciando o que considerou distorções do documento da ONU.

    Em encontro da Conferência Episcopal Espanhola, Lombardi disse que a Igreja afronta os casos de pedofilia com transparência e explicará nas próximas semanas o funcionamento de uma comissão criada para preveni-los, após perguntado sobre o relatório da ONU.

    A Santa Sé disse em comunicado que irá submeter a "minuciosos estudos e exames" as acusações recebidas da ONU, mas também vê as ações como uma "tentativa de interferir no ensinamento da Igreja Católica, sobre a dignidade das pessoas e no exercício da liberdade religiosa" no que diz respeito a pontos do relatório relacionados aos ensinamentos da Igreja sobre homossexualismo, anticoncepcionais e aborto.

    "O documento não foi atualizado, ele não tem uma perspectiva correta", declarou o representante do Vaticano, monsenhor Silvano Tomasi, em uma entrevista nesta quarta-feira à Rádio Vaticano, na qual acusou o relatório de não levar em conta os avanços feitos pela Igreja.

    Tomasi considera que os fatos foram distorcidos no relatório.

    Tomasi, que foi interrogado em janeiro em Genebra pelo Comitê da ONU para os Direitos da Criança, detalhou na entrevista as medidas tomadas pela Igreja Católica contra estes abusos. "São fatos, evidências, algo que não pode ser distorcido", lamentou.

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