A congregação ultraconservadora Legionários de Cristo pediu nesta quinta-feira um perdão coletivo pelos comportamentos graves e imorais cometidos por seu fundador, o mexicano Marcial Maciel, condenado por abusos sexuais.
"Queremos expressar nosso profundo pesar pelos abusos contra seminaristas menores de idade, pelos atos imorais com homens e mulheres adultos, pelo uso arbitrário de sua autoridade e de bens, pelo consumo desmesurado de medicamentos que causam dependência e pela apresentação de escritos publicados por terceiros como sendo próprios", indica um pedido oficial de perdão feito pelo movimento católico, que expressa também sua solidariedade para com as vítimas.
A congregação, que desde o início de janeiro tem feito uma série de reuniões para decidir seu futuro, elegeu como novo diretor-geral o mexicano Eduargo Robles Gil, 61, um dos membros da comissão de ajuda às vítimas de Maciel, que faleceu em 2008.
Max Rossi - 6.fev.2014/Reuters |
Padres em procissão em missa liderada pelo padre Eduardo Robles Gil, novo líder dos Legionários de Cristo |
Para muitos legionários, principalmene os mais jovens, era urgente um pedido coletivo de perdão às vítimas de abuso sexual e psicológico afetadas por Maciel nos seus 60 anos de vida religiosa.
REPROVAÇÃO
O grupo conservador, fundado em 1941, conseguiu ocultar por décadas as denúncias contra seu líder, contando com a proteção de membros da alta hierarquia do Vaticano durante o pontificado de João Paulo 2º (1978-2005), que considerava os legionários um exemplo de virtude católica e ignorou por anos as denúncias.
A declaração histórica, que contém dez pontos, rompe de forma clara e direta com Maciel, reconhecendo como uma "incoerência incompreensível" que ele tenha sido um padre por décadas e "reprova firmemente" seu comportamento.
Depois da morte do padre, que tinha sido condenado ao silêncio pelo papa Bento 16 em 2008, foram descobertos outros crimes cometidos por ele, como o abuso de filhos que tinha tido com duas mulheres e seu vício em morfina.
No comunicado, os legionários reconheceram que se trata somente "do início de uma caminhada", e afirmam que "há muito a ser feito".
"Tudo isso exige não só uma mudança nas regras, como também uma conversão contínua de mente e coração", concluem.