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    Protestos contra e a favor de Maduro registram ao menos duas mortes na Venezuela

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    12/02/2014 19h03

    Um suposto militante chavista, ex-membro da Polícia Municipal de Caracas (Policaracas), um estudante de comércio morreram ontem durante enfrentamentos ocorridos em marcha realizada na capital da Venezuela, Caracas, no chamado Dia da Juventude.

    O confronto eleva a tensão no país e pode levar a retaliação do governo contra opositores, uma vez que o ex-policial era um líder importante do chavismo.

    A passeata no centro da cidade, que reuniu milhares de pessoas, foi organizada por estudantes para reivindicar mais segurança no país. Também pediam a libertação de estudantes que haviam sido presos em protestos recentes.

    O presidente do Parlamento da Venezuela, Diosdado Cabello, confirmou a morte do militante e atribuiu-a ao fascismo.

    "O fascismo estava ali, ali no Ministério Público, e o estavam caçando, um camarada íntegro, lutador (...). Ele foi brutamente assassinado pelo fascismo", disse Cabello ao fazer o anúncio da morte durante uma cerimônia no Estado de Aragua (na região centro-norte do país).

    O Ministério Público disse que o homem morto era um lutador revolucionário, que fazia parte de um grupo chavista do bairro 23 de Janeiro, um reduto tradicional do oficialismo venezuelano.
    A data de 23 de janeiro remete à queda da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, em 1958.

    Segundo fontes oficiais, a vítima é Juan Montoya, 40, membro do Coletivo José Leonardo Pirela do 23 de Janeiro.

    De acordo com o relato do presidente da Assembleia, a morte ocorreu na zona oeste de Caracas, num local conhecido como Candelária, onde fica o Ministério Público, local terminou a marcha convocada pelos estudantes e pela oposição.

    Em resposta à marcha antigovernista, apoiadores do governo também realizaram passeatas ontem.

    O ex-integrante da Policaracas morreu em consequência de dois disparos, um na cabeça e um no peito, durante enfrentamentos entre membros armados dos Coletivos 23 de Janeiro e estudantes.

    Esses coletivos são considerados controversos por se envolverem em episódios de violência e porque, para os críticos do governo, são grupos armados paraestatais, espécies de "milícias" governamentais.

    Cabello aproveitou para pedir "calma e cordura" aos Coletivos de 23 de Janeiro, pois "isso é uma provocação da direita". Ele, no entanto, disse que "os assassinos deste camarada, deste compatriota, pagarão pelo ato".

    A fala do presidente do Parlamento foi transmitida pela televisão estatal.

    ATAQUES

    Maduro, um ex-motorista de ônibus e sindicalista, afirmou que as manifestações pretendem destituí-lo do poder, apenas dez meses depois de ter assumido o cargo.

    "Querem derrubar o governo legítimo que eu comando. Não vão poder, mas vão causar danos à Venezuela", disse Maduro durante um discurso na noite de terça-feira.

    "Retratem-se a tempo, e depois, se não se retratarem, não se declarem perseguidos políticos, porque eu vou aplicar a lei e a Constituição com severidade absoluta contra golpistas, desestabilizadores e setores violentos", acrescentou.

    Mas os manifestantes, na maioria estudantes, responderam com firmeza. "Quanto mais repressão, os estudantes seguirão mais e mais para a rua", disse a dirigente estudantil Tamy Suárez, em Caracas.

    Em 2002, protestos massivos da oposição terminaram levando a um breve golpe de Estado que tirou do poder o falecido presidente Hugo Chávez por 36 horas, mas o líder voltou respaldado por um grupo leal do Exército e graças a partidários que inundaram as ruas pedindo a sua permanência no cargo.

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