Membros de uma milícia cossaca atacaram o grupo punk Pussy Riot com chicotes e gás lacrimogêneo na cidade de Sochi, sede dos Jogos Olímpicos de Inverno, na quarta-feira.
Integrantes do grupo, entre as quais Nadezhda Tolokonnikova e Maria Alekhina, que foram libertadas da prisão em dezembro, foram atacadas por cossacos uniformizados –que estão agindo como força policial informal durante o evento– e por agentes de segurança à paisana, quando tentaram tocar diante de uma faixa que promove a olimpíada.
O grupo chegou a Sochi no domingo e suas integrantes dizem ter sido detidas diversas vezes, desde então. Na terça-feira, passaram horas detidas pela polícia, aparentemente como suspeitas de terem roubado a bolsa de uma mulher em seu hotel. Depois de diversas horas de interrogatório, foram libertadas.
Na quarta-feira, o grupo de cinco mulheres e um homem se reuniu em um lugar a cerca de 30 quilômetros da sede da olimpíada de inverno. Os cossacos e outros agentes de segurança intervieram. Um cossaco parece ter usado spray de pimenta. Outro chicoteou diversos integrantes do grupo, e outros cossacos arrancaram suas máscaras e jogaram longe a guitarra do grupo.
"Os cossacos atacaram o Pussy Riot sob uma faixa de Sochi 2014, nos atingindo com chicotes e gás lacrimogêneo, enquanto tocávamos a canção 'Putin Nos Ensinará a Amar a Pátria", escreveu Tolokonnikova no Twitter.
O incidente durou alguns minutos e um integrante do Pussy Riot ficou com o rosto sangrando, e disse ter sido jogado no chão. A polícia acorreu ao local, mas não fez detenções.
Alexander Tkachev, governador da região de Krasnodar, prometeu conduzir uma "investigação rigorosa" sobre o incidente, e processar os agressores. Tkachev afirmou, em declarações divulgadas pela agência de notícias Interfax, que as opiniões do Pussy Riot "não contam com o apoio da maioria das pessoas da região", mas enfatizou a importância de respeitar a lei.
Mais tarde na quarta-feira, Tolokonnikova, Alekhina e duas outras integrantes do grupo realizaram outra apresentação improvisada no centro de Sochi, esta diante dos anéis olímpicos, na frente da prefeitura.
Pulando sem parar, e com uma delas tocando uma guitarra de plástico, elas cantaram gritando, em russo, que "Putin vai nos ensinar a amar a pátria". Uma pessoa fantasiada como um dos mascotes da olimpíada participou da performance por um instante, aparentemente como piada.
Havia policiais assistindo à performance, mas eles não intervieram. Tolokonnikova e Alyokhina foram libertadas como parte de uma anistia do governo, em dezembro, depois de servirem a maior parte de suas sentenças de dois anos de prisão por tocarem uma "oração punk" na principal catedral de Moscou.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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