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    Governo ucraniano anuncia acordo com oposição para pôr fim à crise

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
    DE SÃO PAULO

    21/02/2014 05h07

    O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, líderes da oposição e representantes da União Europeia chegaram a um acordo para pôr fim à crise política no país, informou na manhã desta sexta-feira a Presidência do país.

    Em nota, o governo afirma que a assinatura do documento deve ocorrer por volta das 12h locais (7h de Brasília), na sede do Executivo.

    O acordo, alcançado após uma madrugada de intensas negociações, prevê, entre outras coisas, uma eleição presidencial antecipada em dezembro, a formação de um governo de coalizão dentro de dez dias e uma reforma constitucional, informou a emissora ucraniana 1+1.

    As negociações para pôr fim à violência se intensificaram depois que conflitos armados entre a polícia e manifestantes antigoverno resultaram no dia mais violento no país desde os tempos soviéticos.

    O Ministério da Saúde disse que 75 pessoas tinham sido mortas desde terça-feira à tarde, o que significa que pelo menos 47 morreram nos confrontos de ontem (20). Essa cifra foi de longe a pior em episódios de violência desde que a Ucrânia se tornou independente depois da derrocada da União Soviética, há 22 anos.

    Três horas de violentos confrontos na praça da Independência, em Kiev, que foi retomada pelos manifestantes, resultaram em corpos de mais de 20 civis estendidos pelo chão, a pouca distância de onde o presidente Yanukovich se reunia com uma delegação europeia.

    Segundo a agência russa Ria Novosti, as autoridades confirmaram ainda 571 feridos, 363 dos quais hospitalizados.

    COLEGAS MORTOS

    Em Kiev, após o anoitecer os manifestantes na praça Independência fizeram uma vigília pelos colegas mortos, iluminada pelas telas de celulares apontados para o alto. Equipes de socorro carregavam corpos em macas através de fileiras de manifestantes que gritavam "heróis, heróis" para os mortos.

    Embora os militantes armados posicionados nas barricadas tendam a formar parte da extrema direita, a oposição conta com amplo apoio. Mas muitos ucranianos também temem que a violência fuja do controle.

    "Isto é irmão lutando contra irmão", disse Iryna, uma mulher que andava até a praça da Independência para doar seringas para transfusão de sangue nos feridos. "Temos de entender que somos todos um povo só."

    Moradores de Kiev esvaziaram os caixas eletrônicos e estocaram mantimentos, e a maioria ficou fora das ruas.

    Em um sinal da perda de apoio por parte de Yanukovich, o prefeito da cidade de Kiev, escolhido pessoalmente por ele, deixou o partido governista em protesto contra o derramamento de sangue.

    Num indício de que Yanukovich está perdendo apoio no Parlamento, o Legislativo adotou na noite de quinta-feira uma resolução pedindo às autoridades que parem com o tiroteio, retirem a polícia do centro de Kiev e ponham fim à ação contra os manifestantes. Mas os principais aliados dele ainda mantêm o discurso duro.

    O ministro do Interior, Vitali Zakharchenko, usando uniforme militar ao fazer um comunicado na TV, disse que a polícia recebeu armas de combate e as usará "em conformidade com a lei" para se defender –ou libertar 67 de seus colegas que, segundo o ministério, estavam sendo mantidos em cativeiro.

    Manifestantes disseram que os policiais capturados haviam sido soltos.

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