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    Parlamento da Ucrânia nomeia presidente interino

    DIOGO BERCITO
    ENVIADO ESPECIAL A KIEV

    23/02/2014 08h32

    O Parlamento ucraniano nomeou, hoje, Oleksander Turchinov como presidente interino do país. Ele substitui Viktor Yanukovich, deposto ontem por voto de legisladores e desde então com paradeiro desconhecido.

    É esperado que a nova Promotoria persiga o ex-presidente e sua liderança devido à repressão letal das manifestações. A semana passada, com ao menos 82 mortos em Kiev, foi a mais violenta na Ucrânia desde seu desmembramento da União Soviética, há duas décadas.

    Alex Kuzmin/Reuters
    Oleksander Turchynov, braço direito de Yulia Timoshenko, é nomeado presidente interino da Ucrânia
    Oleksander Turchynov, braço direito de Yulia Timoshenko, é nomeado presidente interino da Ucrânia

    Turchinov, o novo presidente, havia sido eleito na véspera como líder do Parlamento. Ele é um aliado da opositora Yulia Timoshenko, ex-premiê libertada ontem à tarde após 30 meses de uma prisão considerada injusta e fruto do revanchismo político de Yanukovich.

    Ela subiu ao palco da praça da Independência, centro das manifestações na capital, e falou aos presentes chamando-lhes de "heróis". Em uma cadeira de rodas e exausta, ela foi recebida com gritos de "Yulia!", "Yulia!".

    Desaparecido, o ex-presidente Yanukovich afirma ter sido vítima de um golpe de Estado. Sua mansão nos arredores de Kiev está tomada por manifestantes e tornou-se o museu de sua derrocada.

    PLEITO

    As eleições presidenciais ucranianas, antecipadas, devem ocorrer em 25 de maio. É esperado que o Parlamento escolha um novo primeiro-ministro para chefiar o governo até o pleito. O nome de Timoshenko é constantemente evocado, mas ela negou ontem ter interesse.

    O governo interino da Ucrânia, ainda em vias de formação, tem se esforçado para manter a estabilidade do país. As ruas estão tomadas por milícias, que exercem o controle de fato –ainda é raro ver o policiamento regular, após meses de presença ostensiva.

    Será um desafio, porém, liderar a Ucrânia. A oposição no país é dividida em torno de três líderes, incluindo o ex-boxeador Vitali Klitschko, e não parece mobilizar a população em torno de nenhum candidato em especial.

    Também será essencial observar a reação internacional à transição política ucraniana. A Rússia tem intenso interesse no país, em especial na península da Crimeia, onde mantém presença naval. O leste da Ucrânia, ao contrário do oeste, tem forte influência russa.

    CLIMA

    O centro de Kiev, que durante a semana praticamente virou uma praça de guerra, parecia recuperar o ar de normalidade, apesar da presença das forças de segurança e das barricadas dos manifestantes.

    Em Maidan (praça da Independência) a sensação era de alívio e cautela. Um grupo cantava o hino nacional e alguns gritavam "Glória à Ucrânia".

    Nas proximidades, as lojas, que permaneceram fechadas nos últimos dias, começaram a abrir as portas.

    Ao mesmo tempo foram registrados saques na sede do Partido Comunista, aliado do partido de Yanukovich no Parlamento, e a fachada do prédio foi pintada com palavras como "criminosos", "assassinos", "escravos de Yanukovich".

    (Com as agências de notícias)

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