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    Análise: Para salvar Kiev da crise, Europa precisa levar em conta Moscou

    MISHA GLENNY
    DO "GUARDIAN"

    27/02/2014 03h44

    Qualquer avaliação sobre a Ucrânia precisa considerar a Rússia como um ator central. Por motivos práticos, se não por mais nada.

    A Crimeia, com sensibilidades culturais e políticas predominantemente russas, é a região que tem maior probabilidade de causar uma espiral da crise que resultaria na intervenção de tropas russas. Como evitar esse desfecho, portanto?

    Putin sente que, desde o colapso da União Soviética, a Rússia não vem recebendo respeito suficiente na arena internacional.

    Essa irritação foi acentuada pelo mau julgamento da Rússia sobre a política ucraniana. O Kremlin manteve o apoio ao presidente Yanukovych por anos, a despeito do desempenho lastimável do aliado na eleição de 2004, o ano da Revolução Laranja, e de suas práticas repulsivamente corruptas.

    No entanto, se a UE (União Europeia) pretende ajudar a Ucrânia, é preciso que estude caminhos para cooperar com a Rússia.

    Os protestos após a Ucrânia negar um acordo de comércio internacional com a UE foram, em larga medida, metafóricos. Eram a expressão do repúdio à elite política e econômica do país.

    Talvez os manifestantes, no entanto, tenham menos consciência sobre como os processos de integração da UE podem demorar anos a demonstrar frutos econômicos reais.

    Isso nos conduz a uma figura que ninguém ousa evitar em suas negociações para impedir a escalada da violência na Ucrânia –Rinat Akhmetov, o homem mais rico do país.

    Akhmetov foi o maior patrocinador de Yanukovych por anos e provavelmente desempenhou papel importante em persuadir o Kremlin de que o líder ucraniano merecia a aposta. Mas também mantém contatos em Washington e em algumas capitais europeias.

    Akhmetov será um interlocutor crucial, em uma situação nada agradável para a política da UE. Em curto prazo, as autoridades europeias precisam afastar a Ucrânia de um colapso catastrófico e violento. A longo prazo, terão de encontrar uma forma de tratar tanto os manifestantes quanto a Rússia com respeito. Poucos desafios são tão difíceis.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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