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    Ucrânia acusa Rússia de invadir aeroportos e pede ajuda ao Ocidente

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    28/02/2014 09h08

    O governo interino da Ucrânia acusou nesta sexta-feira a Rússia de ter ordenado a invasão de dois aeroportos na Crimeia, região autônoma do país que se rebelou após a retirada do presidente Viktor Yanukovich.

    As ocupações acontecem um dia após a ocupação do Parlamento e da sede do governo local, em Simferopol, elevando a tensão na região, em que 60% dos habitantes são de origem russa. O avanço de aliados à Rússia aumenta o risco de um conflito territorial.

    Nesta madrugada, homens fardados e fortemente armados ocuparam o terminais da capital da Crimeia e de Sebastopol, cidade onde fica uma base militar russa. Outros 20 homens atacaram também um posto de fronteira na cidade de Balaclava.

    Genya Savilov/AFP
    Homens armados não identificados patrulham aeroporto de Simferopol, na Crimeia, invadido nesta sexta
    Homens armados não identificados patrulham aeroporto de Simferopol, na Crimeia, invadido nesta sexta

    Em ambos os casos, os invasores não estavam identificados e dizem que protegem a região autônoma da influência do governo interino da Ucrânia, aliado ao Ocidente e a quem chamam de fascista. Já a agência de notícias Reuters afirma que os homens pertenciam à Marinha russa.

    O comando das forças russas em Sebastopol negou qualquer ação militar na Crimeia. O governo ucraniano, no entanto, afirma que dez helicópteros russos sobrevoaram a região autônoma ucraniana nesta sexta.

    Para o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov, os milicianos pertencem a unidades russas. "Essa é uma provocação direta para um banho de sangue armado no território de um Estado soberano."

    Diante do avanço dos homens, o representante do governo pediu que os Estados Unidos e o Reino Unido interfiram na crise da Crimeia, assim como uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para avaliar a questão.

    Horas depois, o secretário de Estado americano, John Kerry, conversou com seu colega russo, Sergei Lavrov. Durante o telefonema, Lavrov frisou a necessidade de frear a ação de grupos radicais e levar em consideração os interesses das forças políticas de todas as regiões ucranianas

    Kerry, no entanto, pediu à Rússia que não inflamasse a situação e que evitasse movimentar tropas perto do território ucraniano, mesmo fazendo exercícios militares na área de fronteira.

    Já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediu respeito à integridade do território da Ucrânia, em conversa com o presidente russo, Vladimir Putin.

    YANUKOVICH

    A invasão dos aeroportos é mais um atrito entre a Ucrânia e a Rússia, que perdeu influência no país vizinho após a queda de Viktor Yanukovich. Nesta sexta, o presidente deposto disse em entrevista coletiva que havia sido derrubado por "vândalos fascistas".

    Ele ainda disse estar surpreso de como a Rússia não reagiu à entrada de seus adversários políticos. "Acho que a Rússia tem o direito de atuar. Conhecendo o caráter de Vladimir Putin, estou surpreso que ele ainda se mantenha calmo e com tamanha resignação. Essa é a pergunta", disse.

    O governo interino afirmou que pedirá à Rússia a extradição do presidente deposto. Ele é procurado por enriquecimento ilícito, evasão de divisas e de ordenar a repressão policial a protestos da oposição, provocando confrontos que deixaram 82 mortos na semana passada.

    Nesta sexta, a Suíça abriu uma investigação contra Yanukovich e seu filho, Alexsandr, por lavagem de dinheiro. Ontem, eles tiveram as contas bloqueadas, assim como outras 18 pessoas.

    A Áustria também decretou o bloqueios das contas de 18 ucranianos. Enquanto isso, a Ucrânia limitou saques em moeda estrangeira a 15 mil hrivnas (R$ 3.504) diários como forma de conter a crise financeira.

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