• Mundo

    Tuesday, 14-May-2024 01:52:04 -03

    Putin admite que pode usar força na Ucrânia e minimiza peso de sanções

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    04/03/2014 08h52

    O presidente russo, Vladimir Putin, falou publicamente sobre a Ucrânia pela primeira vez desde a queda de Viktor Yanukovich, numa entrevista coletiva transmitida ao vivo nesta terça-feira pela TV russa.

    Ele admitiu que a Rússia usará todos os meios, até a força, para defender seus interesses no país vizinho, que segundo ele sofreu um golpe inconstitucional. Putin também deu de ombros às sanções contra seu país, atualmente em debate na comunidade internacional. Seriam ruins para todos, segundo ele.

    As tensões permaneciam altas na península da Crimeia, com soldados leais a Moscou disparando tiros de alerta para afastar soldados ucranianos que protestavam. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, estava a caminho de Kiev para se reunir com o novo governo.

    Ria Novosti/AFP
    O presidente russo, Vladimir Putin, fala sobre crise com a Ucrânia em entrevista coletiva em sua casa de campo
    O presidente russo, Vladimir Putin, fala sobre crise com a Ucrânia em entrevista coletiva em sua casa de campo

    O conflito começou depois que protestos em massa - especialmente em Kiev - levaram à queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovich, no final de fevereiro. Aliado de Moscou, ele foi substituído por um governo mais próximo do Ocidente.

    Putin classificou a queda de Yanukovich como um golpe anticonstitucional e uma tomada armada do poder. Segundo ele, embora o parlamento ucraniano seja legítimo, o presidente em exercício não é. Yanukovich, que fugiu do país após ser destituído, está abrigado na Rússia para "salvar sua vida", disse o presidente russo.

    A transição levou a população da Crimeia, de origem majoritariamente russa, a protestar contra o novo governo - e a Rússia, a enviar tropas à região, onde mantém uma base militar estratégica.

    Na opinião de Putin, Yanukovich ainda é o líder legítimo da Ucrânia, embora não tenha mais futuro político em seu país. O russo acusou o Ocidente de estar por trás dos dois meses de protestos que depuseram o aliado, após a decisão de não aproximar a Ucrânia da União Europeia.

    É um pedido de Yanukovich, diz Putin, que torna legítimo o uso das Forças Armadas russas na Ucrânia como último recurso.

    "No que se refere ao envio de tropas, isso não é necessário no momento, mas a possibilidade existe", afirmou. Na manhã de terça-feira, a Rússia ordenou a retirada de soldados que faziam exercícios militares perto da fronteira com a Ucrânia.

    As eleições que devem ocorrer em 25 de maio dificilmente serão reconhecidas pela Rússia. "Depende de como vão transcorrer. Se ocorrerem no clima de terror que vemos agora em Kiev, não as reconheceremos", afirmou.

    Putin também comentou as sanções diplomáticas e econômicas contra a Rússia, atualmente em debate pela comunidade internacional. Segundo ele, punir a Rússia seria contraproducente e prejudicaria todas as partes.

    Boa parte do gás usado pela Europa - 23% na França, 36% na Alemanha - vem da Rússia, passando pela Ucrânia. Nesta terça, a Gazprom, estatal russa do petróleo, suspendeu um desconto concedido à Ucrânia no preço do gás russo consumido no país vizinho.

    Quanto à decisão de países do G7 de não participarem dos preparativos da reunião do G8 marcada para junho em Sochi, Putin deu de ombros. "A Rússia está se preparando para receber seus colegas, mas, se não quiserem vir, que não venham", disse.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024