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    Ucrânia diz que boicotará Paraolimpíada em caso de invasão russa

    ALEXEI ANISHCHUK
    DA REUTERS, EM SOCHI (RÚSSIA)

    07/03/2014 09h53

    O principal dirigente paralímpico da Ucrânia, Valeriy Sushkevich, disse nesta sexta-feira que sua equipe vai abandonar os Jogos Paraolímpicos de Inverno se a Rússia invadir o país, mas disse esperar que a competição seja capaz de difundir a paz.

    A Rússia realiza os Jogos em Sochi, um balneário do mar Negro a poucas centenas de quilômetros da península ucraniana da Crimeia – onde o Ocidente acusa Moscou de ter violado a soberania de Kiev, assumindo o controle de instituições militares e governamentais.

    Moscou diz que os homens armados presentes na Crimeia são integrantes de unidades locais de autodefesa. A Crimeia é a única região da Ucrânia onde a etnia russa é majoritária. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se diz no direito de enviar tropas para proteger seus compatriotas, mas afirma que por enquanto isso não é necessário.

    Alexey Nikolsky/Ria Novosti/Efe
    Putin assina painel de cristal em visita à Vila Paraolímpica, em Sochi, na Rússia
    Putin assina painel de cristal em visita à Vila Paraolímpica, em Sochi, na Rússia

    "Se houver uma escalada no conflito, a intervenção no território do nosso país, Deus nos livre do pior, não poderemos permanecer aqui, iríamos embora", disse Sushkevich em entrevista.

    Muitos países cancelaram os planos de enviar ministros e membros da nobreza para os Jogos de Sochi em decorrência dos acontecimentos na Crimeia, cujo Parlamento regional aprovou nesta semana a incorporação da península à Rússia, a ser confirmada em referendo no dia 16.

    Sushkevich disse ter mantido uma conversa "calma e reservada" com Putin.

    ENTENDA

    O território da Crimeia está no centro da atual disputa entre a Ucrânia e a Rússia que ameaça a segurança mundial. Os problemas começaram em novembro, quando multidões começaram a ir às ruas da capital ucraniana, Kiev, para pressionar o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, a fechar um acordo comercial com a União Europeia em detrimento de um com a Rússia, sem sucesso.

    O movimento se fortaleceu diante da derrota e ocupou a Prefeitura de Kiev e a Praça da Independência. O governo reagiu com violência e prisões arbitrárias, o que pareceu dar gás aos manifestantes. Depois de meses de embate, em fevereiro, Yanukovich deixou o país, e um governo interino pró-UE assumiu o poder.

    O Ocidente reconheceu a troca, mas o governo russo viu nela um golpe de Estado. Com base nisso, alegou que havia ameaça aos cidadãos de etnia russa que vivem na Crimeia e foi, aos poucos, tomando o controle da área.

    Das cerca de 2 milhões de pessoas que moram naquela península, mais da metade se considera de origem russa e, inclusive, fala russo no dia a dia.

    "Repeti minha única solicitação, a única e mais importante solicitação, de que antes e durante [os Jogos] haja paz", disse ele, acrescentando que o líder russo respondeu que pensaria a respeito.

    "A equipe ucraniana, além de torcer por bons resultados, chegou com esperanças colossais de paz, paz no nosso país, na Europa, no mundo. Tenho certeza de que... a maioria está ciente do colossal perigo para a paz e para os direitos de todas as pessoas terem paz na atual situação."

    Putin disse em entrevista coletiva na terça-feira que qualquer boicote à Paraolimpíada por causa da Ucrânia seria "o cúmulo do cinismo".

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