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    Passageiro que usava passaporte roubado em voo desaparecido é identificado

    MARCELO NINIO
    DE PEQUIM

    10/03/2014 12h00

    As autoridades da Malásia identificaram um dos dois passageiros que embarcaram com passaportes roubados no Boeing 777 da Malaysia Airlines, que está desaparecido desde sexta-feira (pelo horário de Brasília).

    O chefe da polícia, Khalid Abu Bakar disse que não podia revelar sua identidade, mas afirmou que os dois não são asiáticos.

    Os bilhetes usados pelos passageiros com os passaportes roubados foram emitidos na cidade tailandesa de Pattaya. A polícia local afirmou que eles foram comprados por um homem iraniano chamado Kazem Ali.

    Segundo o jornal "Financial Times", a agência de viagens que emitiu os bilhetes disse que Ali é seu cliente há três anos. A agência acrescentou que é comum intermediários comprarem bilhetes para passageiros.

    A Interpol (polícia internacional) confirmou que dois passaportes roubados que constam em seu banco de dados, um italiano e o outro austríaco, foram usados por passageiros do voo MH370.

    editoria de arte/folhapress

    Solicitado a descrever o que viu nas imagens de segurança, Azaharuddin Abdul Rahman, chefe do departamento de Aviação Civil da Malásia, indicou que eles são de origem africana.

    "Você conhece o jogador italiano, [Mario] Balotelli?", disse Rahman, em referência ao atacante do Milan, italiano de origem ganesa.

    Rahman afirmou que a investigação estava diante de "um mistério sem precedentes" e admitiu não ter nenhum sinal do avião.

    "Infelizmente não encontramos nada que pareça ser objetos do avião, muito menos o avião", disse ele.

    A área de buscas foi ampliada para além do golfo da Tailândia depois que as autoridades malasianas detectaram em radares militares uma mudança de rota no voo da Malaysia.

    Após a descoberta dos passaportes falsos, as autoridades da Malásia afirmaram que não descartam nenhuma possibilidade, mas especialistas advertem que o uso de passaportes roubados é comum em voos e não necessariamente indica motivação terrorista.

    Ocorre que poucos países verificam o banco de dados de passaportes roubados da Interpol, criado após os atentados de 11 de Setembro nos EUA. Segundo a Interpol, em 2013 mais de um bilhão de passageiros embarcaram em voos sem ter seus passaportes checados no sistema.

    "Há anos a Interpol pergunta por que os países estão esperando uma tragédia para aplicar medidas prudentes de segurança nas fronteiras e portões de embarque", lamentou o secretário-geral da polícia internacional, Ronald Noble.

    O chefe da aviação civil da Malásia admitiu que pode levar muito tempo até o Boeing da Malaysia Airlines ser localizado.

    Rahman lembrou o acidente com o voo 447 da Air France, em 2009, cujos destroços foram encontrados no fundo do mar dois anos depois de cair no Atlântico, durante um voo Rio-Paris.

    Mas há diferenças que supostamente tornam mais fácil localizar o avião da Malaysia. A grande profundidade das águas onde o avião da Air France caiu, de 4.700 metros, foi um dos maiores desafios para as equipes de resgate.

    Já as águas do golfo da Tailândia raramente tem mais de 50 metros de profundidade e o fundo tende a ser plano, segundo especialistas.

    O piloto Bill Palmer, autor de um livro sobre o acidente da Air France, observou num artigo para o site da CNN que o maior problema no momento é saber onde procurar o avião.

    "Mesmo com falha nas duas turbinas, um Boeing 777 é capaz de planar por cerca de 120 milhas (194 km)", escreveu Palmer, o que obriga a expansão da área de buscas.

    Após três dias sem sinal do avião, a China subiu o tom e exigiu respostas das autoridades malasianas.

    O voo MH370 sumiu do radar cerca de uma hora após decolar de Kuala Lumpur com destino a Pequim, com 239 pessoas a bordo. Mais da metade dos passageiros (153) são chineses.

    'É nossa responsabilidade exigir e exortar que o lado malaio intensifique seus esforços nas buscas, comece a investigação o quanto antes e forneça informação relevante à China de forma correta e rápida", disse Qin Gang, porta-voz da chancelaria chinesa.

    Um helicóptero do Vietnã recuperou ontem um objeto que estava boiando no mar, mas após exame verificou-se que não era um bote salva-vidas do avião desaparecido, como se suspeitara.
    Foi mais uma das pistas falsas surgidas nos últimos dias, em meio a uma enorme operação de busca que mobiliza 40 navios e 35 aviões de dez países.

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