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    Merkel ameaça Rússia com sanções, mas descarta ação militar na Crimeia

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    13/03/2014 08h27

    A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, descartou completamente nesta quinta-feira a opção militar como reação à crise da Crimeia, mas advertiu Moscou que, se não houver mudanças em sua atitude, na segunda-feira os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) aprovarão novas sanções.

    "Uma coisa é clara: a intervenção militar não é uma opção", disse Merkel em declaração de governo no Bundestag (o Parlamento alemão), onde manteve sua aposta por uma via tripla de "diálogo, ajudas e sanções".

    "Levaremos um longo tempo para resolver a crise, mas temos que enfrentá-la com integridade porque se trata da defesa da integridade de um país europeu", defendeu a chanceler.

    Wolfgang Kumm/Efe
    Angela Merkel e premiê tcheco, Bohuslav Sobotka, passam em revista em guarda em Berlim
    Angela Merkel e premiê tcheco, Bohuslav Sobotka, passam em revista em guarda em Berlim

    Merkel garantiu que a realização do referendo na Crimeia, previsto para este domingo, significa uma clara violação da constituição ucraniana, que proíbe expressamente consultas separatistas.

    Segundo ela, a solução passa pela criação de um grupo de contato internacional que torne possível um diálogo direto entre Moscou e Kiev no qual "todos os temas" estejam na mesa, inclusive o direito a autonomia da Crimeia e a proteção das diferentes línguas, embora não a independência da região.

    Merkel deixou claro que se a Rússia mantiver suas posições na crise da Crimeia, os ministros das Relações Exteriores da UE que se reunirão na segunda-feira aprovarão a segunda rodada de sanções, que inclui o congelamento de contas, e alertou que todos os sócios comunitários estão decididos a dar novos passos.

    "Ninguém quer chegar a tais medidas, mas estamos prontos e decididos a aplicá-las se for necessário", insistiu a chanceler, convencida que, se a Rússia continuar com essa atitude, será "uma catástrofe" que prejudicará não só a Ucrânia, mas os países vizinhos e a relação de Moscou com a UE.

    "Prejudicará e gravemente a Rússia, tanto do ponto político como do econômico", advertiu para pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, a abordar esta crise com "princípios e métodos" do século 21 e não do século 19.

    A chanceler rejeitou a comparação da crise da Crimeia com a situação vivida em Kosovo, onde a Otan efetuou uma intervenção militar sem ordem da ONU que mais tarde levou à independência dessa antiga província sérvia.

    "A intervenção no Kosovo se deu depois da comunidade internacional observar impotente operações de limpeza étnica e de a Rússia bloquear de forma permanente toda resolução do Conselho de Segurança da ONU", disse Merkel.

    ENTENDA

    NÃO CULPADO

    Putin, disse nesta quinta-feira que a Rússia não é culpada pela crise na região ucraniana da Crimeia.

    Em encontro com delegações paralímpicas na cidade de Sochi, no mar Negro, Putin agradeceu aos dirigentes por terem deixado a política de fora dos Jogos Paralímpicos de Inverno realizados na Rússia.

    "Eu gostaria de expressar minha gratidão a vocês por deixarem os Jogos Paralímpicos de fora da política... e gostaria de salientar que a Rússia não foi quem iniciou as circunstâncias que foram tomando forma", disse.

    71% DE APOIO

    Putin, tem o respaldo do 71,6% dos russos, afirma uma pesquisa divulgada hoje pelo Centro Russo de Estudos da Opinião Pública (VTSIOM, na sigla em russo).

    De acordo com os sociólogos do VTSIOM, a partir de meados de fevereiro, quando a crise na Ucrânia eclodiu, o apoio à política do chefe do Kremlin subiu 9,7 pontos percentuais e chegou a seu ponto mais alto desde maio de 2012 (68,8%), quando Putin iniciou seu terceiro mandato como presidente da Rússia.

    Para 64% dos participantes da pesquisa o acontecimento mais importante da semana passada foi a crise na Ucrânia e a situação na república autônoma ucraniana da Crimeia, enquanto 32% votaram na inauguração dos Jogos paralímpicos de Inverno de Sochi (Rússia).

    A pesquisa, com margem de erro de 3,4%, foi realizada nos dias 8 e 9 em 130 cidades de 42 das 83 distritos da Federação Russa.

    A península ucraniana da Crimeia foi ocupada por forças russas e vai realizar um referendo no domingo sobre a adesão à Rússia. A Ucrânia e líderes ocidentais dizem que o referendo é ilegal.

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