• Mundo

    Tuesday, 30-Apr-2024 18:55:12 -03

    Com 75% dos votos apurados, 95,7% são a favor da Rússia, anuncia governo da Crimeia

    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL À CRIMEIA

    16/03/2014 17h49

    O governo da Crimeia anunciou oficialmente que o resultado do referendo deste domingo é a favor da anexação da península à Rússia.

    Com pelo menos 75% dos votos apurados, 95,7% são a favor da separação da Ucrânia e união com Moscou, disse a comissão responsável pela consulta. Apenas 3,5% votaram pela manutenção como território ucraniano. O governo da península garante que 82,7% dos cidadãos aptos a votar compareceram às urnas.

    Uma multidão tomou conta da Praça Lênin, principal ponto de encontro de Simferopol, capital da Crimeia, para celebrar o resultado do referendo. Uma delegação do governo da Crimeia viaja nesta segunda para Moscou com o objetivo de iniciar o processo de anexação.

    Leandro Colon/Folhapress
    Multidão toma conta da Praça Lênin, em Simferopol, capital da Crimeia, para celebrar o resultado do referendo a favor da anexação à Rússia
    Multidão comemora resultado de referendo na Praça Lênin, em Simferopol, capital da Crimeia

    Com apoio dos Estados Unidos e da União Europeia, o governo ucraniano considera a consulta ilegal e já avisou que não vai reconhecê-la, criando uma incerteza sobre os próximos passos na região a partir desta segunda.

    De maioria russa, a Crimeia foi anexada à Ucrânia em 1954 na formação da União Soviética. Após a recente queda do então presidente da Ucrânia, Viktor Yanucovih, aliado do presidente russo, Vladimir Putin, o grupo político pró-Rússia tomou o poder na Crimeia e aprovou a anexação a Moscou, convocando o referendo para ratificar a decisão.

    O resultado final dever homologado nesta segunda-feira pelo Parlamento local. Cidadãos da etnia tártara, 12% da Crimeia, e os ucranianos, em torno de 25%, teriam boicotado o referendo..

    O referendo ocorreu com normalidade, apesar da tensão política e militar entre a Rússia e a Ucrânia. A Folha visitou seções de votação na periferia e no centro da cidade para acompanhar o referendo, convocado às pressas pelo governo local.

    O clima de calmaria se misturou a um modelo amador, sem muita fiscalização –não há, por exemplo, controle de quem entra e sai das salas de votação e a urna onde os cidadãos colocam as cédulas é completamente transparente.

    Sem ser incomodada, a Folha entrou numa sala montada numa escola no centro da cidade e registrou imagens de dentro das urnas em que era possível ver os votos depositados - a maioria pró-Rússia –e, em alguns casos, até quem os depositou.

    A reportagem também esteve numa seção montada num hospital no distrito de Gres, na periferia da cidade, onde a fila de votantes se misturava no mesmo espaço das cabines e das urnas, um completo caos.

    Alguns observadores internacionais foram convidados a comparecer, outros barrados foram num processo pouco transparente. Não havia presença de tropas pró-Rússia próximas aos locais de votação, mas apenas nos prédios públicos, como tem ocorrido.

    Editoria de Arte/Folhapress
    ISTO É CRIMEIAMais rica do que o resto da Ucrânia, região é repleta de bases militares

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024