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    Papa e Obama dão versões diferentes sobre encontro no Vaticano

    RAUL JUSTE LORES
    DE WASHINGTON

    28/03/2014 11h46

    O presidente americano, Barack Obama, não obteve na quinta-feira um endosso mais firme de suas políticas em seu primeiro encontro com o papa Francisco, que é uma das personalidades mais populares nos EUA atualmente.

    A Casa Branca e o Vaticano deram versões diferentes sobre a conversa reservada de 50 minutos entre os dois, na biblioteca privada do papa, no Vaticano.

    Em entrevista em Roma, Obama disse que boa parte do encontro tratou de desigualdade de renda e da paz mundial. "Não falamos muito de assuntos sociais controversos", afirmou.

    Mas nota emitida pelo Vaticano afirma que o papa e o presidente americano discutiram "o exercício da liberdade religiosa, o direito à vida e a objeção de consciência".

    Os bispos americanos têm criticado o novo programa de saúde universal criado por Obama por obrigar que empregadores, inclusive religiosos, cubram os custos de anticoncepcionais de suas funcionárias. Organizações católicas entraram na Justiça contra o governo usando o mesmo termo do Vaticano, "objeção de consciência".

    A nota do Vaticano nem toca no assunto "desigualdade social". Outros temas abordados, segundo o comunicado, foram reforma imigratória e combate ao tráfico humano.

    Desde outubro, Obama tem citado o papa, mostrando a convergência entre ambos na "desigualdade de oportunidades". Não se sabe se o papa aproveitou para criticar as posições favoráveis de Obama ao aborto e ao casamento gay.

    "Sua Santidade é provavelmente a única pessoa do mundo que precisa aguentar mais protocolo do que eu", brincou Obama.

    Após o encontro, o presidente fez uma visita ao Coliseu, em Roma, que foi fechado aos turistas comuns para receber sua equipe. O passeio durou cerca de meia hora.

    Analistas políticos acreditam que Obama buscava apoio de Francisco, hoje uma figura mais popular nos EUA que o próprio presidente.

    O papa tem imagem positiva para 76% dos americanos, segundo pesquisa divulgada anteontem pelo instituto Gallup (Obama tem 42%).

    O pontífice foi escolhido o "homem do ano" tanto pela revista "Time" quanto pela revista dedicada ao público gay "The Advocate". Também foi capa da "Rolling Stone", como Obama anos atrás.

    Com exceção de alguns nomes da extrema direita americana, como a ex-candidata republicana à vice-Presidência Sarah Palin e o radialista Rush Limbaugh, que chamaram o papa de "marxista", democratas e republicanos igualmente têm uma opinião favorável ao argentino.

    Ao contrário da Igreja Católica americana, pesquisa do instituto Pew mostra que boa parte dos católicos americanos também defende mudanças na igreja –77% querem que o Vaticano autorize o uso de anticoncepcionais; 72% pedem que padres possam se casar e 68%, que mulheres sejam ordenadas sacerdotes.

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