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    Rússia não pretende enviar tropas à Ucrânia, diz chanceler do país

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    29/03/2014 11h08

    A Rússia não tem intenção de mandar suas forças armadas para o território da Ucrânia, embora esteja pronta para proteger os direitos dos representantes russos na ex-república soviética, afirmou neste sábado em entrevista o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.

    "Não temos absolutamente nenhuma intenção de, ou interesse em, cruzar as fronteiras da Ucrânia", disse Lavrov a um canal de televisão russo.

    Tropas russas ocupam a Crimeia, território anexado por Moscou neste mês. Países do Ocidente ameaçaram criar fortes sanções econômicas caso Moscou envie mais tropas ao país vizinho.

    De acordo com estimativas dos Estados Unidos, mais de 40 mil soldados russos estão nas proximidades da fronteira com a Ucrânia.

    AMEAÇAS

    De acordo com a agência "Reuters", a Rússia ameaçou vários Estados do Leste Europeu e da Ásia Central com retaliações se votassem a favor de uma resolução da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas nesta semana declarando inválido o referendo da Crimeia sobre a secessão da Ucrânia.

    As revelações sobre as ameaças russas surgiram depois que Moscou acusou países ocidentais de usarem "pressão descarada, até o ponto de chantagem política e ameaças econômicas", em uma tentativa de coagir os membros da ONU, formada por 193 nações, a darem seu apoio à resolução sobre a crise na Ucrânia.

    De acordo com entrevistas com diplomatas da ONU –a maioria preferiu falar sob condição de anonimato por medo de irritar Moscou–, os alvos das ameaças russas incluíam Moldávia, Quirguistão e Tadjiquistão, bem como alguns países africanos.

    Um porta-voz da missão da Rússia na ONU negou que o governo russo tivesse ameaçado qualquer país com represálias se apoiasse a resolução, dizendo: "Nós nunca ameaçamos ninguém. Apenas explicamos a situação."

    De acordo com os diplomatas, as ameaças russas não eram específicas. Mas teria ficado claro para os representantes dos países que, caso apoiassem a resolução, poderiam sofrer retaliações como a expulsão de imigrantes que vivem na Rússia, corte no fornecimento de gás e bloqueios econômicos.

    No fim, a resolução ucraniana que declarou como inválida a votação realizada em 16 de março na Crimeia, em favor da separação da Ucrânia, foi aprovada com 100 votos a favor, 11 contra e 58 abstenções. Outros 24 Estados membros não votaram.

    Diplomatas ocidentais definiram o resultado como um sucesso diplomático para a Ucrânia. Votação similar à da Assembleia-Geral foi realizada em 2008, depois que a Rússia entrou em guerra com a Georgia sobre o enclave separatista da Ossétia do Sul, que mais tarde declarou a independência e procurou, sem sucesso, anexação à Rússia. Essa resolução foi aprovada com apenas 14 votos a favor, 11 contra e 105 abstenções.

    Embora a resolução da Assembleia-Geral não seja de cumprimento obrigatório –ao contrário daquelas do Conselho de Segurança–, a Rússia e as potências ocidentais fizeram grandes esforços para convencer as delegações a votar com eles. No início do mês, a Rússia vetou uma resolução no Conselho semelhante à aprovada pela Assembleia-Geral.

    Os Estados Unidos e delegações europeias disseram que o resultado da votação de quinta-feira demonstrou o isolamento da Rússia na questão da Crimeia.

    O ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovich, apoiado pela Rússia, foi deposto no mês passado depois de uma repressão a protestos, em Kiev, que deixou dezenas de mortos.

    Sua destituição levou a Rússia a se apropriar da península no Mar Negro, em um movimento que a população crimeia, majoritariamente de origem russa, endossou ao votar por esmagadora maioria em um referendo a favor da separação..

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