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    Após críticas de opositora de Maduro, chanceler defende atuação da Unasul

    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    03/04/2014 13h55

    Um dia depois de a líder opositora María Corina Machado criticar a atuação da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) no diálogo com a Venezuela, o chanceler brasileiro defendeu a atuação de ministros do bloco, que fizeram visita recente a Caracas.

    "A Unasul não interfere e não interferirá nos assuntos internos da Venezuela. Ela está lá porque para isso foi convidada, e para ter um papel exatamente de propiciar, apoiar e ajudar a criar as condições políticas para que os venezuelanos entre si resolvam os problemas pendentes", disse o ministro Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores) em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (3).

    Em entrevista à Folha, Corina afirmou que o bloco "se colocou ao lado do regime" e que o grupo não gera confiança na população venezuelana.

    "Tivemos um diálogo muito aprofundado e creio que esse diálogo gerou uma confiança muito grande não só dentro do pais mas entre as forças políticas e a Unasul, já que nós deixamos muito claro que estávamos lá apenas para apoiar um processo de conciliação nacional", rebateu Figueiredo.

    Em visita ao Brasil, o chanceler do Chile, Heraldo Muñoz, adotou argumentos semelhantes aos do colega.

    "São os venezuelanos que têm que encontrar soluções para seus problemas. (...) Na medida que nossa presença seja útil, vamos voltar", resumiu.

    DITADURA MILITAR

    Durante o encontro bilateral, os dois países acertaram a assinatura de acordo para troca de informações sobre o período da ditadura militar. Documento semelhante já foi assinado entre Brasil e os vizinhos Argentina e Uruguai.

    "Do nosso lado, vamos procurar investigar tudo que seja possível para que a comissão nacional da verdade possa fazer o seu trabalho. (...) O Chile já reuniu muitos dados sobre a repressão. Houve muitos brasileiros exilados no Chile que logo depois do golpe em 73 ficaram presos no estádio nacional e houve torturadores brasileiros enviados pela ditadura [brasileiro]", afirmou o chanceler do Chile.

    Até o fim do mês, representantes da comissão nacional da verdade irão ao Chile para fazer um primeiro contato.

    Figueiredo afirmou que o acordo vai permitir um "intercâmbio muito fluido de informações sobre casos de violações aos direitos humanos" e mencionou que a cooperação é "emblemática", num momento que os dois países são presididos por mulheres vítimas do período de repressão.

    TERREMOTO

    Durante o encontro, os chanceleres também conversaram sobre terremotos recentes que atingiram o Chile.

    "A presidenta Dilma Rousseff imediatamente se manifestou sobre a disposição do Brasil de ajudar em tudo o que seja necessário", disse Figueiredo. Muñoz agradeceu a solidariedade, lamentou as mortes envolvidas no incidente e ponderou que os danos poderiam ter sido "muito maiores".

    " Agora estamos na etapa de avaliação dos danos, que são muitos, mas poderia ser ainda pior."

    Na noite da última terça-feira, um terremoto de magnitude 8,2 atingiu a costa norte do vizinho. No dia seguinte, um novo tremor de magnitude 7,6 também repercutiu na região - há ao menos seis mortos e 900.000 pessoas precisaram deixar suas casas.

    Houve um alerta de tsunami, cancelado horas depois. O epicentro do último terremoto foi a 45km a sudoeste da cidade de Iquique. Segundo o governo local, o mar avançou quase 200 metros e avenidas da cidade foram inundadas.

    Em 2010, tremor de 8,8 no Chile deflagrou um tsunami que matou cerca de 500 pessoas e destruiu 220 mil casas.

    Esta é a primeira visita bilateral de Muñoz desde a posse da presidente Michelle Bachelet. "Isso marca claramente uma nova fase de uma relação que sempre foi muito boa (...) em que o Brasil e o Chile renovam sua determinação de trabalhar conjuntamente, tanto em iniciativas de cunho bilateral, quanto nos fóruns regionais e multilaterais", avaliou Figueiredo.

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