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    Putin lembra de direito a invadir Ucrânia e chama leste de "Nova Rússia"

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    17/04/2014 09h17

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira que não pretende usar a força militar no leste da Ucrânia, apesar de o Parlamento lhe garantir esse direito. Ele se referiu à região do país vizinho como "Nova Rússia", no que pode ser um sinal de uma reivindicação do território.

    "Eu realmente espero não ter que exercer esse direito e nós seremos capazes de resolver todos os maiores problemas de maneira política e diplomática."

    No programa de TV "Linha Direta", em que responde a perguntas da população, ele disse que o sul e o leste ucranianos são historicamente russos. No Império, que terminou com a Revolução Russa em 1917, a costa do mar Negro ucraniana e a Transnístria, na Moldova, pertencia ao país.

    "Kharkov, Lugansk, Donetsk e Odessa não eram parte da Ucrânia nos tempos dos czares, foram transferidas em 1920. Por que? Deus sabe. Por várias razões essas áreas nos deixaram, mas as pessoas ficaram lá. Nós precisamos incentivá-las a encontrar uma solução."

    O discurso aproxima-se ao feito ao incorporar a Crimeia. Na ocasião, Putin disse que a região autônoma da Ucrânia "nunca deixou de ser parte da Rússia". A anexação do território aumentou a tensão com a Ucrânia e foi motivo de sanções da União Europeia.

    Nesta quinta, Putin admitiu pela primeira vez ter enviado tropas russas à Crimeia antes da consulta pública que determinou sua anexação, em março. Para ele, a incorporação foi em parte influenciada pelo avanço da Otan por outros países do leste da Europa.

    "Nossa decisão sobre a Crimeia foi em parte devido a avaliações de que se nós não fizéssemos nada, em algum momento, guiada pelos mesmos princípios, a Otan vai arrastar a Ucrânia e dizer: 'Não tem nada a ver com vocês'."

    UCRÂNIA

    No mesmo encontro, Putin negou que o país tenha forças no leste ucraniano e condenou o uso da força pelo governo do país vizinho para reprimir os movimentos separatistas. Para ele, são uma besteira as acusações de ucranianos, europeus e americanos.

    "São todos gente do lugar. E a melhor prova do fato é que, literalmente, as pessoas estão com a cara descoberta. Enviaram tanques e aviação contra a população civil. Isto é outro grave crime dos que hoje governam em Kiev."

    Na última terça (15), foram retomados um aeroporto em Kramatorsk e uma pista de pouso em Slaviansk, com informações da imprensa local de que houve um confronto entre militares e milicianos que deixou pelo menos quatro mortos.

    Mais cedo, outros três manifestantes foram mortos por forças ucranianas em Mariupol, na mesma Província. Para Putin, as autoridades de Kiev redobraram suas ameaças ao leste do país, "ao invés de tomar consciência de que "algo anda mal no Estado ucraniano e de tentar dialogar".

    Ele ainda deu apoio às negociações que começaram nesta quinta sobre a crise ucraniana, com participação de Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Ucrânia. "Espero que consigamos compreender o abismo para o qual se dirige o poder de Kiev e que arrasta com ele o país."

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