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    Ruanda sedia evento sobre fortificação de alimentos

    FABÍOLA ORTIZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM KIGALI

    21/04/2014 03h10

    A cada segundo morre uma pessoa no mundo vítima de desnutrição. É a chamada fome oculta e afeta, no mundo, 2 bilhões de pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

    A deficiência em micronutrientes é silenciosa e pode causar anemia, cegueira, doenças imunológicas e retardo no desenvolvimento.

    Phil Moore/AFP
    Homem trabalha em campo do vilarejo de Mbyo, em Ruanda
    Homem trabalha em campo do vilarejo de Mbyo, em Ruanda

    Países africanos e asiáticos – como Nigéria, Zâmbia, RD Congo, Ruanda, Etiópia, Uganda, Bangladesh, Índia e Paquistão – são alvo de uma iniciativa chamada de biofortificação.

    A América Latina já tem sido foco para o cultivo de alimentos de primeira necessidade, como milho, feijão, mandioca, batata doce, arroz, trigo e abóbora.

    Segundo Marília Nutti, coordenadora da Rede Biofort no Brasil, esta é uma "proposta inovadora" de unir nutrição, agricultura e impacto na saúde.

    "É uma ciência nova. O grande plus do projeto foi colocar agrônomos, economistas, nutricionistas e experts em ciência de alimentos juntos com o objetivo único de ter impacto na saúde", explicou.

    O Brasil foi um dos convidados para participar da II Conferência Global em Biofortification promovida pelo programa HarvestPlus.

    A biofortificação de alimentos envolve um processo de cruzamento convencional de plantas da mesma espécie, gerando cultivos mais nutritivos com altos teores de zinco, vitamina A e minerais.

    O Brasil, inicialmente, iria contribuir apenas com o cultivo da mandioca, mas resolveu ousar ao apresentar um projeto ambicioso de incluir oito cultivos no cardápio.
    "O país é muito grande. A gente quer mostrar que essa dieta de alimentos biofortificados é melhor", defendeu Nutti.

    No mundo, 1,5 milhão de produtores rurais cultivam alimentos biofortificados e a meta até 2018, segundo anunciou o diretor do HarvestPlus, Howarth Bouis, é alcançar um universo de 15 milhões de produtores rurais.

    "Queremos obter um orçamento de 55 milhões de dólares para alcançar esta meta. Já foi muito difícil no passado conseguir dinheiro, hoje não é mais, tem dado resultados. Temos feito parceria com a Embrapa no Brasil para liderar os países da América Latina", disse Bouis.

    A falta de alimentos nutritivos faz com que as pessoas percam mais de 10% das receitas que poderiam ter recebido em toda sua vida, sendo que muitos países perdem entre 2% e 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o Banco Mundial, há 7,2 milhões de crianças, menores de cinco anos, com atraso de crescimento na América Latina.

    Ruanda é um país em que 45% de sua população de quase 12 milhões de habitantes sofria de desnutrição. Um em cada três ruandeses ainda tem anemia, sendo que a proporção é ainda mais apertada para mulheres e crianças.

    Hoje, um terço dos produtores já cultivam alimentos enriquecidos em vitaminas e minerais, especialmente o feijão, que é a base de toda a alimentação. São consumidos no país dez tipos diferentes de feijão. Com 700 mil produtores rurais produzindo feijão biofortificado, Ruanda se tornou um modelo na região dos países subsaarianos.

    A jornalista FABÍOLA ORTIZ viajou a Kigali a convite da Harvest Plus e da Embrapa.

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