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    Político encontrado morto na Ucrânia foi hostilizado por pró-russos, segundo vídeo

    DA REUTERS

    23/04/2014 20h44

    O vereador ucraniano Volodymyr Rybak, que foi encontrado morto no sábado em Slaviansk, foi assediado por uma multidão pró-Rússia antes de desaparecer, segundo imagens de um vídeo.

    O episódio contribuiu para que governo de Kiev retomasse sua ofensiva no leste do país contra os militantes pró-russos que ocupam prédios na região, palco de rebeliões separatistas.

    O aparente assassinato de Volodymyr Rybak e de outro homem levou a União Europeia a pedir à Rússia que use sua influência para impedir sequestros e matanças no leste –onde predominam os falantes de russo.

    O serviço de segurança da Ucrânia disse que um policial desonesto e um membro da inteligência militar da Rússia estão envolvidos no assassinato de Rybak.

    As imagens feitas em 17 de abril por um site local de notícias mostram cenas de fúria diante da prefeitura de Horlivka –situada entre as cidades de Donetsk e Slaviansk, onde há forte exaltação separatista–, nas quais Rybak é maltratado por vários homens, entre eles um mascarado em roupa camuflada, enquanto outros proferem insultos.

    Rybak tentou remover a bandeira da separatista República de Donetsk, disse o site. "Você vai tirar essa bandeira só passando por cima do meu cadáver", grita para Rybak um homem em trajes civis enquanto o político tenta chegar à entrada da Câmara Municipal.

    Dois policiais uniformizados são vistos no vídeo, mas apenas um deles parece intervir, sem sucesso. Após vários minutos, Rybak aparece em condições de ir embora.

    O Ministério do Interior da Ucrânia disse que ele foi visto mais tarde, no mesmo dia, sendo jogado em um carro por homens mascarados em roupas camufladas.

    Ele e outro homem não identificado parecem ter sido torturados e jogados vivos em um rio para se afogarem, concluiu a polícia.

    O presidente em exercício da Ucrânia, Oleksander Turchinov, que, como Rybak, é membro do partido Batkivshchyna, liderado pela ex-premiê Yulia Tymoshenko, citou o assassinato como base para a retomada da operação antiterrorista no leste.

    "Os terroristas que efetivamente fizeram toda a região de Donetsk refém cruzaram os limites, começando a torturar e assassinar patriotas ucranianos", disse Turchinov na terça-feira à noite.

    Em Bruxelas, um porta-voz da chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, pressionou para que todos os partidos que participaram das negociações de quatro partes em Genebra na semana passada implementem um acordo que prevê medidas para desmilitarizar a região e desocupar os edifícios tomados por manifestantes.

    "Nós pedimos... em especial à Rússia que utilize a sua influência para assegurar o fim imediato de sequestros e assassinatos no leste da Ucrânia", disse o porta-voz.

    Em Slaviansk, perto de onde o corpo de Rybak foi encontrado, o autodeclarado prefeito separatista da cidade, Vyacheslav Ponomaryov, culpou o grupo nacionalista ucraniano Setor Direita pelo assassinato.

    "Isso tudo está sendo feito pelo Setor Direita. Eles estão constantemente tentando nos desacreditar", disse Ponomaryov. "Fui ao necrotério ver os dois corpos. Eles tinham sinais de tortura no corpo e mãos."

    O Serviço de Segurança do Estado da Ucrânia (SBU) emitiu um comunicado acusando um oficial que deixou o órgão e um oficial de inteligência militar da Rússia (GRU) de envolvimento no assassinato de Rybak.

    Sem dar detalhes, o SBU afirmou que o tenente-coronel Igor Bezler, da GRU, ordenou que a milícia pró-russa em Horlivka "neutralizasse" o vereador.

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