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    Uso de passaporte falso é hipótese para "jihadista brasileiro"

    IGOR GIELOW
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
    TAI NALON
    DE BRASÍLIA

    30/04/2014 11h29

    Uma das principais hipóteses para a revelação da existência de terroristas brasileiros em células da Al Qaeda no Iêmen é a de que os eventuais mortos tenham passaportes adulterados.

    O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, confirmou o que a Folha havia publicado mais cedo nesta quarta (30). "Nós gostaríamos de entender um pouco mais como o governo do Iêmen identificou esses brasileiros. Não é difícil pensar que um terrorista possa ter um documento que não necessariamente seja dele. Portanto nós temos que ver com bastante cuidado se realmente há brasileiros, para que nós possamos tomar providências", disse.

    O Itamaraty, como a Folha havia revelado, considera isso mais plausível do que a revelação de um "jihadista brasileiro", até aqui inédito.

    Se, contudo, houver brasileiros mesmo entre os mortos pelo governo iemenita, será uma revelação especialmente preocupante devido à proximidade da Copa do Mundo –eventos esportivos são um dos "soft targets" (alvos fáceis) mais visados por terroristas.

    Figueiredo não soube precisar quantos brasileiros há hoje no Iêmen, mas estimou em menos de cem.

    O governo brasileiro, contudo, ainda não tem nenhuma informação concreta sobre o caso, tendo sido pego de surpresa pela divulgação da versão na terça (29). Como o Brasil não tem embaixada no país, a representação na Arábia Saudita foi acionada. Um diplomata deverá ser enviado para averiguar o caso pessoalmente.

    "Nosso embaixador [na Arábia Saudita] lá está empenhado na busca dessas informações. O que temos que determinar se eram realmente brasileiros e, se forem, nós naturalmente vamos entrar em contato com as famílias para ver o que será feito dos restos mortais dessas pessoas", disse Figueiredo.

    O passaporte brasileiro do modelo antigo, verde, é conhecido por criminosos internacionais como um dos mais fáceis de falsificar. Além disso, a tradição pacífica e de não-alinhamento automático do Brasil torna seus cidadãos geralmente menos suspeitos em fronteiras sensíveis mundo afora.

    O modelo atual, azul e com registros biométricos, é considerado muito mais seguro por especialistas. Mas não há documento diplomático impossível de forjar, de todo modo.

    As maiores suspeitas de atividade terrorista no Brasil sempre recaíram sobre libaneses e seus descendentes ligados ao Hizbullah na região da Tríplice Fronteira. O governo brasileiro, contudo, sempre negou a existência de células terroristas ativas no país.

    Em 2009, um libanês foi preso por divulgar mensagens racistas na internet, e a Polícia Federal confirmou que ele ele tinha algum tipo de ligação com a Al Qaeda.

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