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    Em encontro com Merkel, Obama ameaça ampliar sanções à Rússia

    ISABEL FLECK
    DE NOVA YOK

    02/05/2014 15h11

    Após se reunir com a chanceler alemã, Angela Merkel, em Washington, o presidente Barack Obama disse nesta sexta-feira que seguirá com sanções "setoriais" contra a Rússia se Moscou interferir nas eleições na Ucrânia, marcadas para o próximo dia 25.

    Os dois líderes destacaram que a melhor saída para a crise no país é a solução diplomática, mas que não hesitarão em ampliar os embargos -que, no caso dos EUA, poderão incluir os setores de energia, armas e crédito.

    "Se virmos que a desestabilização e os distúrbios continuam sendo tão fortes que impedem as eleições de 25 de maio, não teremos mais opção do que seguir adiante com severas sanções adicionais", disse Obama.

    Segundo o americano, os EUA e a União Europeia estão "unidos na determinação de fazer com que a Rússia pague por suas ações", com o isolamento diplomático e econômico.

    Para os países ocidentais, os insurgentes pró-Rússia no leste da Ucrânia têm ligações com Moscou. "A honestidade e a credibilidade de Putin estão abaladas. O governo da Rússia insiste em tratar a situação [no leste] como fruto de manifestações espontâneas, mas manifestantes espontâneos não derrubam helicópteros", disse Obama.

    Nesta sexta, rebeldes derrubaram dois helicópteros ucranianos, matando dois tripulantes, na cidade de Slaviansk, dominada por separatistas.

    "O objetivo não é punir a Rússia, mas dar um incentivo para que escolha um melhor caminho", afirmou Obama.

    A principal preocupação é no setor de energia, já que a Rússia exporta 30% de todo o gás consumido na Europa, sendo que a metade dele passa por gasodutos na Ucrânia. Para Obama, " não é realista" pensar que a Europa e os EUA possam "fechar a torneira" para a energia vindo da Rússia. Ele, contudo, não descarta sanções neste setor.

    No caso da UE, Merkel disse que o grupo está "pronto e preparado para uma terceira rodada" de sanções, cuja possibilidade vem sendo criticada por empresários. "Eu gostaria de destacar que isso não é necessariamente o que queremos, mas estamos prontos e preparados para dar tal passo", declarou.

    Obama ainda pediu à Rússia que convença os grupos militares pró-russos na Ucrânia a deixarem as armas.

    "É óbvio para o mundo que esses grupos apoiados pelos russos não são manifestantes pacíficos. Eles são militantes fortemente armados", disse.

    ESPIONAGEM

    A sintonia vista entre os dois sobre a crise com a Rússia não parece ter se repetido no encontro quando o tema é o amplo programa de vigilância dos EUA. Merkel, que reagiu de forma dura, no ano passado, à revelações de que também teria sido espionada pela NSA (Agência de Segurança Nacional americana), disse que "as diferenças entre os dois países permanecem".

    Obama também afirmou ainda haver "algumas lacunas" a serem trabalhadas entre os dois países, mas que eles estão desenvolvendo um acordo sobre privacidade e vigilância.

    O presidente disse ainda lamentar que sua relação com Merkel, uma de suas "mais próximas amigas no cenário internacional", tenha sido abalada pelas revelações feitas pelo ex-técnico da NSA Edward Snowden.

    Ele, contudo, observou: "Não temos um acordo de não-espionagem com nenhum país".

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