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    Em São Paulo, estudantes da Venezuela pedem apoio do Brasil

    GUILHERME CELESTINO
    DE SÃO PAULO

    06/05/2014 17h02

    Líderes estudantis venezuelanos criticaram o governo do presidente Nicolás Maduro, a ingerência de Cuba em Caracas e pediram apoio do governo brasileiro, durante uma palestra na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, nesta terça-feira.

    Eusebio Costa, presidente de Centro de Estudantes da Universidade Católica Santa Rosa, Gabriel Lugo, presidente do Centro de Estudantes de Arquitetura da Universidade Central da Venezuela, e Vicente D'Arago, estudante da Universidade Fermín Toro, disseram que as informações que são difundidas no Brasil não mostram a realidade da crise no país.

    Lugo disse acreditar que, se os brasileiros soubessem das violações de direitos humanos na Venezuela, não deixariam o governo do Brasil apoiar o chavista Nicolás Maduro. "Acredito que o Poder Executivo do Brasil não recebe as informações verdadeiras do que se passa na Venezuela. Se recebe está errado em apoiar esse regime ditatorial [de Maduro]", disse Lugo.

    Os estudantes vão à Brasília nesta quarta-feira para apresentar, segundo eles, "o ponto de vista de quem esta dentro das manifestações" à Comissão de Direitos Humanos do Senado. "Vamos fazer um convite formal [aos senadores da comissão] para mostrar o que está acontecendo dentro dos protestos na Venezuela. Desta forma o Legislativo vai poder mostrar ao Executivo as violações de direitos humanos que acontecem no país", disse Lugo.

    Ele ressalta o papel de liderança do Brasil e pede que o governo de Dilma Rousseff proteja os direitos humanos no país vizinho. "Não se trata de defender algum setor da sociedade venezuelana, e sim de defender seres humanos violentados por um regime [de Maduro] que encobre a realidade e obtém apoio de outros governos", disse Lugo.

    Os venezuelanos disseram acreditar que o incêndio na biblioteca da Universidade Fermín Toro em Barquisimeto, ocorrido ontem, foi causado por grupos paramilitares apoiados por Maduro, como forma de fazer pressão psicológica. 'Querem meter medo na gente com os coletivos [paramilitares] e acabar com nossas manifestações pacíficas", disse Costa.

    Eles disseram que o movimento não tem ideologia e que é unificado em torno dos venezuelanos que lutam pela liberdade, mas que não tem condições de dialogar com o governo pois não são reconhecidos por Maduro.

    "Para poder dialogar queremos a liberdade de todos os presos políticos, que cessem a repressão desmedida e que o governo desarme os grupos paramilitares na presença de observadores internacionais", disse Lugo. "Não é questão de luta de classes e sim de reunir o país para construir a democracia", disse Costa.

    Lugo disse ainda que vai pedir ao Brasil que pare de exportar bombas de efeito moral para a Venezuela pois elas teriam causado a morte de vários manifestantes e que "esse benefício econômico estão nos matando e nos asfixiando".

    "Nossa mensagem é a de que a juventude venezuelana não tem futuro, está sendo torturada por um governo que se diz de esquerda, mas não é. Queremos pedir a Dilma Rousseff, que também foi torturada, que apoie nossa juventude contra a tortura", disse Costa.

    CUBA

    Os estudantes criticaram a ingerência cubana no governo de Caracas desde Hugo Chávez [1999-2013] e a presença de agentes das Forças Armadas cubanas dentro do Exército venezuelano.

    "A participação de Cuba vem de muito tempo. Hoje temos bandeiras cubanas içadas em instituições públicas na Venezuela. A ingerência militar cubana é anticonstitucional. Nenhum país pode permitir outro país de mandar no seu próprio exército", disse Lugo.

    Eles também criticaram a ida de médicos cubanos ao país - modelo também adotado no Brasil em 2013 pelo então ministro Alexandre Padilha - e disse que o povo venezuelano sofre com a má infraestrutura dos hospitais enquanto o governo gasta o dinheiro para financiar outros países.

    "A Venezuela tem muitos estudantes de medicina e muitos médicos. Uma coisa é o intercâmbio a nível acadêmico, a troca de conhecimentos, outra coisa é Cuba mandar médicos para Venezuela por interesse econômico, já que nem todos são médicos. É uma forma de financiar o regime [do ditador Raúl Castro]", disse Lugo.

    O encontro com estudantes foi organizado pelo Grupo de Estudos Leonard E. Read, vinculado ao think tank liberal Estudantes pela Liberdade.

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