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    Para deputado alemão, crise é chance para ampliar fontes de energia

    GUILHERME CELESTINO
    DE SÃO PAULO

    13/05/2014 02h00

    O deputado Jürgen Trittin, 59, líder do Partido Verde no Parlamento alemão, diz que a crise ucraniana mostra que a Europa precisa diversificar suas fontes energéticas. Pela Ucrânia passa grande parte do gás consumido pelo continente. Ex-ministro do Meio Ambiente, ele esteve em São Paulo na semana passada e conversou com a Folha.

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    Crise com a Rússia

    "Para a União Europeia, essa crise é uma mensagem clara: Nós precisamos de uma política conjunta de energia renovável e temos de aumentar a eficiência e a economia da energia, para que sejamos menos dependentes da energia importada", diz.

    Ideologia verde e mercado

    Ele rebate a crítica de que os Verdes seriam antimercado.

    "Nós somos a favor de uma politica regulatória eficiente para que possamos ter um mercado funcional. Nós tivemos muitas vezes que superar as contradições entre Estado e mercado."

    O deputado criticou o suporte financeiro dos governos aos bancos durante a crise de 2008 e disse que o que aconteceu não foi uma política de livre mercado.

    "Em situações normais, quando uma empresa enfrenta dificuldades, ela entra em falência. Nesse caso, isso não era possível, pois se acontecesse quebraria economias tanto na União Europeia quanto nos Estados Unidos."

    Crise e Estado de bem-estar

    Para Trittin, as consequências da crise da dívida pública em alguns Estados têm sido muito amargas com o corte de aposentadorias e salários, o que levou a um novo problema econômico, já que Grécia, Espanha e Portugal não têm consumo suficiente para criar crescimento.

    "Esses países começaram com uma dívida pública e só conseguiram resolvê-la gerando uma crise de crescimento. Isso não é a ideologia verde que diz, e sim o Fundo Monetário Internacional."

    Extrema direita

    Para o deputado, o crescimento da extrema direita na Europa é resultado da crise. "Na Grécia, temos um partido abertamente nacional-socialista [o Aurora Dourada]. Na Hungria, a mesma coisa, e nem estou falando do partido que governa, o [conservador] Fidesz, e sim do Jobbik, um partido nacional-socialista, puro Hitler. Isso é consequência da crise, e a crise em muitos casos não foi resolvida com maior participação da população, mas sim excluindo setores da sociedade."

    Imigração

    Para o deputado, sempre haverá migração para a Europa. Segundo ele, a "fuga de cérebros" é benéfica para os países de origem. "Os que emigram mandam dinheiro de volta para seus países de origem. Isso leva a uma melhora da economia na África, maior do que os dados oficiais apontam."

    Ele diz que não é preciso ter medo desse fenômeno.

    "Não devemos temer a imigração. Os neoliberais se dizem a favor do livre mercado de bens e serviços, mas por que excluir um bem ou serviço que seria a força de trabalho?", indaga.

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