O presidente colombiano Juan Manuel Santos endureceu seu discurso, declarando à "Caracol Radio" que condenados por crimes de lesa-humanidade não poderão concorrer ao Congresso.

Há 18 meses, o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que completaram 50 anos nesta terça (27), negociam a paz em Havana, Cuba.

A declaração do presidente pode ser avaliada como uma reação ao opositor direitista Oscar Ivá Zuluaga, 55, com quem Santos disputará o segundo turno das eleições presidenciais no dia 15 de junho.

Na segunda (26), Zuluaga, que tem o apoio do popular ex-presidente Álvaro Uribe, disse que se eleito iria suspender as negociações de paz com a guerrilha até que o grupo declarasse um completo cessar-fogo.

Para Zuluaga, não é compreensível que haja negociações de paz do governo com as Farc enquanto continuarem "o recrutamento de crianças, assassinatos a sangue frio de soldados e policiais e mortes de camponeses" pela guerrilha. "Os guerrilheiros que cometeram crimes atrozes e delitos de lesa-humanidade devem pagar suas penas na cadeia, ainda que seja uma pena reduzida", disse.

As Farc negam que o processo de paz com o governo colombiano tenha ficado no limbo durante a disputa eleitoral. Iván Márquez, representante da guerrilha nas negociações, disse que não iria comentar os resultados do primeiro turno nem as declarações de Zuluaga.

Ele também declarou que a guerrilha não debateu internamente se irá prolongar a trégua unilateral para o período de 20 a 28 de maio, realizada por ocasião das eleições.

Em entrevista à "RCN La Radio", Santos disse que Zuluaga quer romper o processo de paz com a guerrilha ao impor condições para o diálogo. Ele também revelou que pretende acelerar as negociações, dividindo equipes que possam discutir simultaneamente os pontos da agenda de paz que ainda precisam ser acordados.

Até agora, as Farc e o governo Santos entraram em acordo sobre três de seis pontos. As negociações tiveram início em novembro de 2012.