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    Obama defende troca de prisioneiros de Guantánamo por sargento refém

    ISABEL FLECK
    DE NOVA YORK

    03/06/2014 11h37

    Em visita à Polônia, o presidente Barack Obama defendeu, nesta terça-feira (3), a decisão de libertar cinco prisioneiros de Guantánamo em troca do sargento Bowe Bergdahl, que estava há quase cinco anos em poder do Taleban no Afeganistão.

    Depois que Bergdahl foi solto, no fim de semana, o governo americano se tornou alvo de críticas da oposição pelos riscos assumidos ao libertar cinco prisioneiros considerados perigosos em troca do militar -que, segundo ex-colegas, seria um desertor.

    "Nós não deixamos nenhum homem ou mulher de farda para trás", disse Obama, durante coletiva de imprensa.

    Segundo o presidente, a libertação dos cinco prisioneiros talebans não coloca os EUA em risco, porque eles ficarão sob custódia do Qatar, que vai monitorá-los de perto. Obama disse ainda que não teria autorizado a troca "se pensasse que isso seria contrário à segurança nacional dos EUA".

    "Nós vínhamos consultando o Congresso há algum tempo sobre a possível necessidade de realizar uma troca de prisioneiros para libertar Bergdahl", disse. "Nós vimos uma oportunidade, e estávamos preocupados com sua saúde. Tínhamos a cooperação do Qatar para realizar a troca e aproveitamos a oportunidade", completou.

    Obama se recusou a dizer se o sargento corre o risco de ser punido por, aparentemente, ter abandonado o posto. Ele destacou que Bergdahl sequer foi interrogado. "Ele vai ter que passar por uma transição significante de volta à vida. Ele nem encontrou com sua família ainda", disse.

    O presidente, contudo, minimizou o debate sobre a possível deserção. "Independentemente das circunstâncias, nós traremos de volta um soldado americano que esteja capturado. Ponto."

    Militares que serviram com Bergdahl o acusam de ter cometido um ato "egoísta" que custou a vida de outros soldados. "Bowe Bergdahl desertou no meio da guerra, e seus colegas americanos perderam a vida procurando por ele", disse à CNN o sargento Matt Vierkant, que defende que o militar não só admita publicamente seus atos, mas responda, na Justiça Militar, por eles. Pelo menos seis soldados teriam morrido em missões de busca por Bergdahl, de acordo com a CNN.

    Em artigo publicado no "Daily Beast", o veterano Nathan Bradley Bethea, que serviu com Bergdahl também criticou a celebração em torno da libertação do militar.

    Segundo Bethea, o militar não "ficou para trás" durante uma patrulha noturna, como muitos jornais noticiaram. "Não houve patrulha naquela noite. Bergdahl foi rendido do seu posto e, ao invés de ir dormir, ele deixou o local a pé", disse. "Seu desaparecimento significou missões diárias de busca em toda a região de operação das tropas no Afeganistão, em especial a nossa", afirmou.

    Para Bethea, sobreviver a cinco anos nas mãos dos talebans não torna o militar um "herói". "E também não significa que os soldados que ele deixou para trás tenham a obrigação de perdoá-lo."

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