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    Colômbia anuncia início de diálogo de paz com grupo guerrilheiro ELN

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

    10/06/2014 14h13

    A cinco dias do segundo turno da eleição presidencial, Juan Manuel Santos anunciou que desde janeiro vem conversando com o ELN (Exército de Libertação Nacional) para tentar estabelecer, com esta que é a segunda guerrilha da Colômbia, um acordo de paz semelhante ao que está levando a cabo em Havana (Cuba) com as Farc.

    A paz se transformou no principal tema da campanha, que chega a ultima semana com os dois principais candidatos em empate técnico. No primeiro turno, o candidato apoiado pelo ex-presidente Alvaro Uribe, Oscar Ivan Zuluaga, ficou três pontos percentuais (29%) a frente do atual mandatário, Santos (26%).

    Houve alto índice de abstenção, e o resultado final está em aberto.

    O presidente joga com a carta da paz para amealhar apoio de intelectuais, esquerdistas e ex-guerrilheiros.

    Já a oposição vê no gesto um desespero eleitoreiro. Uribe acusa Santos de usar a guerrilha no interior do país para forcar os camponeses a votar por ele. De todo modo, Zuluaga foi o vencedor, no primeiro turno, nas principais zonas conflagradas.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Antes franco favorito, Santos perdeu a posição após anunciar a proposta de oferecer certa anistia a ex-guerrilheiros e possibilidade de que tenham acesso ao Congresso. A negociação, iniciada há 18 meses, tinha amplo apoio da população. Mas agora os colombianos acreditam que o presidente está cedendo demais.

    Com relação ao acordo com o ELN, Santos disse que só será possível se a pauta seja a mesma da que está na mesa com as Farc (Forcas Armadas Revolucionárias da Colombia).

    Tanto as Farc como o ELN são responsáveis pelos mais de 50 anos de conflito na Colômbia.

    ACUSAÇÕES

    O governo de Álvaro Uribe, antecessor e ex-aliado de Santos, foi acusado de manter vínculos e acordos com paramilitares para tentar manter a ordem no interior do país. Desde o fim do uribismo, tomaram forca os dissidentes das chamadas Autodefensas Unidas de Colômbia (AUC). Na região de Antioquia, onde atuou nos anos 80 e 90 o cartel de Medellín, os chamados Urabeños são mais numerosos e poderosos do que as Farc.

    Santos disse que a negociação com o ELN terá de ser também no exterior e sem mudar o modo como o país se defende dos ataques da guerrilha e vice-versa. Um dos pontos do acordo de Santos que muitos colombianos repudiam é de que não há cessar-fogo durante as negociações.

    Tanto o ex-presidente como seu afilhado politico Oscar Ivan Zuluaga querem a suspensão dos acordos e negociações enquanto não exista um cessar-fogo unilateral. A morte de dois meninos-bomba, recrutados pela guerrilha, fizeram com que o apoio popular ao candidato uribista ganhasse votos na ultima semana antes do primeiro turno.

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