A pequena diferença entre os dois candidatos à Presidência da Colômbia polarizou a sociedade e fez com que apoios antes inimagináveis se concretizassem. Tanto Juan Manuel Santos quanto Óscar Iván Zuluaga buscam atrair os cerca de 40% de indecisos.

A perspectiva de perder a eleição levou Santos, um político conservador e saído das asas do linha-dura Álvaro Uribe, a buscar o apoio da esquerda.

Conseguiu a adesão dos verdes e da esquerdista Clara López, quarta colocada no primeiro turno. Recebeu ainda apoio de mais de mil acadêmicos, intelectuais e artistas em um abaixo-assinado.

"Uma vitória de Zuluaga pode reabrir a porta para que o fascismo coopte a Presidência da Colômbia, tomando definitivamente as rédeas do Estado e colocando-o a seu serviço. Tememos seriamente que, com isso, ressurjam todas as violências que tiveram uma metástase nos oito anos do governo de Álvaro Uribe (2002-2010)" diz o texto.

Por outro lado, Zuluaga recebeu um apoio inesperado de William Ospina, poeta, ensaísta de esquerda e simpatizante do chavismo. Ele disse em coluna no "El Espectador" que Zuluaga era o "mal menor" porque Santos representa a elite de Bogotá, que está no poder desde que a Colômbia existe – ele pertence a uma família rica da capital–, enquanto o adversário é do interior.

Disse Ospina: "O uribismo é responsável pelas muitas coisas ruins que aconteceram na Colômbia nos últimos 20 anos, mas o santismo é responsável por todas as coisas ruins que aconteceram na Colômbia nos últimos cem anos".

A repercussão foi tão grande nos meios e nas redes sociais, com ataques abertos ao escritor, que o "El Espectador" publicou um editorial nesta terça (10) em seu apoio. "Perdemos o direito de opinar", dizia o texto, alertando para a violência do debate nesse segundo turno.